Façamos uma breve pausa nos posts relacionados ao rolê que fizemos pelas cidades históricas de Minas (ainda que, na minha opinião, todas as cidades sejam históricas e que a história do território que hoje chamamos Brasil não tenha se iniciado em 1500) ….
Mas ainda falando de Minas Gerais, vamos dividir as fotos e vídeos da partida de sábado de 17 de junhode 2023, quando o EC Santo André perdeu por 1×0 para o Athletic Club de São João del Rei, em partida válida pelo returno da série D de 2023.
Seja bem vindo às arquibancadas do Estádio Bruno José Daniel, onde tentamos construir um ambiente de amizade e respeito!
O Carlão até fecha os olhos de emoção ao lembrar as emoções que já viveu nas arquibancadas e também no campo…
Olha ele aqui de olhos bem abertos enquanto dava entrevista com a camisa do, então, Santo André FC!
Se você quer curtir a partida apoiando 90 minutos, então cole com o bonde da Fúria Andreense!
E se a pegada das barras argentinas é o que te encanta, então pule com a Esquadrão Andreense!
Cansado do capitalismo e das injustiças sociais? Quer assistir a partida discutindo os problemas da atual conjuntura econômica? Então cola com esses “já não tão jovens” desajustados!
Recebemos informações de que estão sendo monitorados…
Empunhe ou amarre a sua bandeira e vamos ao jogo!
Aí estão os dois times em postura pré partida!
E como o Santo André foi a campo?
O jogo terminou 1×0 para os visitantes, mas esqueça o placar e siga com a gente!
Eae, você conhece os times da Liga de Futebol Amador de Santo André? Se não, dê uma olhada nesse link e conheça todos eles!
Provavelmente você tem um time profissional do coração pelo qual é apaixonado, mas espero que um dia você tenha a chance de participar do time da sua área, do seu bairro… Independente do lugar onde você mora, acredite: seu bairro é algo muito importante para você. Mesmo que você trabalhe ou estude longe, o seu bairro é a sua casa. Talvez ele já tenha um time e você nem saiba disso. Pode ser que seja a hora de você dar um pulo para ver se não pode participar jogando, torcendo ou mesmo apoiando os diversos projetos que normalmente rolam ao lado de um time amador, principalmente nas periferias. Hoje, a gente deu uma chegada no Parque Erasmo…
Nosso objetivo era registrar o campo e um pouco da história do Náutico (embora se diga “o” Náutico, o nome do time é Associação Atlética Náutico).
Para saber um pouco mais da história, contamos com a ajuda do amigo Mauro de Britto, um cara muito envolvido com o Náutico (dentro e fora do campo) e com o futebol da cidade (também é grande frequentador das arquibancadas do Brunão).
Ele não só conversou bastante, como conseguiu contato de várias pessoas ligadas à fundação do Náutico que nos ajudaram a entender um pouco da história desse tradicional time de Santo André.
O time foi fundado como Associação Esportiva Náutico em 5 de maio de 1965 por moradores do bairro: Paulinho, Zitão, Josué, Maurinho entre outros. O nome do time foi dado pelo Nelsinho (lateral direito), provavelmente em homenagem ao Náutico Capibaribe. Já o distintivo seria uma homenagem ao do Santos.
Outras boas lembranças saíram da conversa com o pessoal, por exemplo, foi citado o Zé Macedo, que chegou a ser Presidente do clube, o Wilsinho, o Baixinho, irmão do Mazolinha e… o Lambão, cujo nome é João Carlos e é considerado por muitos como o melhor goleiro da história do Náutico, olha ele aí:
Um dos pioneiros que ainda frequenta a Arena Coná até hoje é o Vilelinha, ponta esquerda insinuante, alegria dos jogadores e da torcida com as suas brincadeiras. Na época em que jogava, o campo não tinha vestiários e os jogadores vestiam os uniformes no barranco.
Outro fato bacana que foi lembrado foi a partida de estreia do Náutico. O jogo foi fora de casa contra o SECI (na época: Sociedade Esportiva Cidade Imaculada). O segundo quadro venceu por 1×0, com gol olímpico do Betinho (goleiro do primeiro quadro e que jogou na linha no segundo quadro). O resultado do primeiro quadro… Ninguém lembrou hehehe… Se alguém aí souber, comente aqui!
Os primeiros times jogavam com as camisas brancas:
Logo adotaram as camisas com listras:
Aqui, Josué e Valtão, dupla de ataque inesquecível do Náutico, de 1968:
Ainda em 68, esta outra fotografia nos relembra grandes jogadores da história do Náutico. E também grandes dirigentes. Dentre eles, o quarto em pé, também foi diretor do Náutico é o Kidão falecido recentemente e o Nelsão terceiro em pé da esquerda para a direita.
Nelsão hoje é fazendeiro!
Em 1977 quando o Náutico estava meio parado e com dificuldades financeiras, os diretores da época (Nelsão, Kiko do bar, Valtão e Josué) junto do presidente Fernandinho decidiram mudar a denominação do time (de Associação Esportiva para Associação Atlética Náutico) zerando as dívidas da época.
Outra informação bacana, é que o time revelou vários jogadores profissionais, como Dadinho, que começou no Saad, e se tornou o maior artilheiro da história do Remo. Esse é o Dadinho, atualmente:
Além dele, também passaram pelo Náutico Donizete Chapecó, Césinha e essa craque da foto abaixo: Moacir Severínio, o “Passat“, que jogou na maioria dos times da várzea do ABC, e como nasceu ali pertinho do campo, foi cria do Náutico . Chegou a jogar profissionalmente no Santo André, no Aclimação, no Operário de MT, no Jabaquara de Santos, entre outros…
Além disso, nos anos 60, Tulica,um dos maiores craques do Ramalhão, também fez parte do time, olha ele aí, o segundo agachado da esquerda para a direita:
Esse era o segundo quadro daquele time:
Destaque também para a Família Alencar, com 6 jogadores no time do Náutico. Nessa foto: Tião, Naldo, Rubens, Ninha (conhecido como Carrero nas categorias de base do Palmeiras) e Erivaldo. Na outra foto abaixo, está o Nenê (Edvaldo).
Aqui, a família Silva que também contribuiu com cinco atletas para o Coná: quatro irmãos e um sobrinho que é o Sandro. Da esquerda para a direita: Sandro, João Carlos, Nepês, Bicão e Prê. Todos bons jogadores, o Sandro chegou a jogar na Portuguesa de Desportos e Mauaense, Bicão jogou em vários clubes da várzea e Prê o mais velho foi o grande craque da família com passagens pelo juvenil do Santos, jogou na seleção de São Bernardo e grandes times da várzea.
Na época em que o Náutico estava com as atividades em baixa, em 1975 surgiu na área esse time histórico, o “MEC” (Movimento Esportivo Congonhas), obra do Zé Borges “Zézinho”, do Mauro e o Dadinho! Os vários craques nesse time como Alfredinho, o Baianinho, Dia (irmão do Bona) faziam a galera acompanhar o time até nas outras cidades nas disputas da Copa Diarinho. Foram tão bem que trouxe ânimo pro pessoal voltar a por o Náutico pra jogar.
Havia também outro time de salão, o CAP, que tinha o Tulica como um dos destaques, e que também era formado por jogadores do Náutico.
O Nelsão comentou lembrando outros nomes: Paulinho, irmão do João Luiz, que na época jogava no time do Ouro Verde, e que fez parte da fundação, Vartão e o Josué jogavam no Nacional, e também fizeram parte da fundação. Outros como: Albeja, Zé Flor, Fernandinho Istrupicio massagista, Goiaba pai do Tulica, Capilé irmão do Tulica, Sr. Francisco, Eduardo da Padaria. E tem também o “Bibi”, que se estivesse vivo, estaria com 61 anos, um dos maiores torcedores e responsáveis por marcar os jogos com outros times. Um dos protagonistas na história do Náutico, altruísta, abnegado, amou o time na sua forma mais sublime.
Aqui, o Chiquinho, um grande quarto zagueiro, provavelmente está numa seleção de todos os tempos do Náutico de quem o viu jogar. Uma técnica apurada, liderança e muita raça dentro de campo. Na época em que as empresas contratavam os grandes jogadores da várzea para disputas de campeonatos, foi parar na Ford, onde se aposentou. Hoje vive no litoral com a esposa e é cantor nas casas de shows do Baixada Santista.
Aqui uma foto dos anos 80:
Uma foto de um time mais recente, de 1989:
Esta sem data correta, mas de um festival vencido pelo Náutico!
Aqui, outra formação do Náutico. Entre os jogadores de camiseta branca Evandro, um dos grandes dirigentes da nova geração. De camiseta vermelha, Carequinha que era juiz, técnico, massagista, roupeiro, um autêntico faz tudo na equipe. Ao seu lado o Fernandinho que foi o presidente na volta do Náutico em 1977. Uma pessoa que amava tanto o time que até se comprometeu com o SPC com dívidas do time. Carequinha e Fernandinho são falecidos.
O time de 1996:
O time de 2014:
O Náutico também é chamado de Coná (de certo modo um anagrama que nasceu de quando a torcida cantava repetidamente “NáutiCOOONAAAAutico). Por isso, o campo do Náutico é conhecido como “Arena Coná“. Vamos dar uma olhada?
Embora ainda seja o tradicional “terrão“, o campo é muito bem cuidado e considerado uma verdadeira joia da região.
Uma visão do meio campo da Arena Coná:
O gol do lado direito:
O gol do lado esquerdo:
Tem sido uma nova experiência conhecer mais de perto os times e campos do futebol amador de Santo André.
Olha que bonita a sala de troféus do time! Quantas conquistas, vitórias e histórias…
O time segue jogando e mostrando a importância do futebol no aspecto cultural do bairro. Esse é o atual presidente, o “Ratão”, que também foi goleiro no Náutico.
Aqui, o time posado de 2018, com a faixa de sua torcida organizada, a FANÁUTICOS, criada pelo Evandro Damasceno, que foi jogador – invicto 2 anos sob a presidência do “Mu”- e vice presidente, sendo o responsável pela melhoria no telhado do nosso Coná:
Esse, o time semifinalista da Copa juvenil de Santo André de 2002:
Encerro o post com uma foto mais que especial, pois mostra a força do futebol amador! No meio da foto está o amigo Mauro Britto, que ajudou a reunir todo esse material, ao seu lado, de azul está o Kiko grande centroavante que fez história no Náutico, e o de amarelo, é o Zé Borges, conhecido como “Zezinho” que já trabalhou no São Paulo e atualmente é um treinador bastante renomado no Camboja, depois de ter feito sucesso na Tailândia!
Agora no fim de 2021, rolou um encontro pra fechar o ano e teve a presença de várias pessoas como Bicão, Vilela, Gilberto, Batata e Bona.
Sandro, diretor do Náutico e também o faz tudo na equipe e Fininho, dono da Padaria Brasil Gigante e um dos patrocinadores do time.
Esse é o Molinari, que conseguiu com o Zé dos Bilhares Bezerra, a construção dos primeiros vestiários no campo do Náutico.
Puxa, tanto que a gente viaja pra registrar estádios pelo Brasil e mundo afora e acabamos deixando de visitar os estádios, aqui do ABC. Por isso, o post de hoje começa a cumprir esta missão, por um estádio de São Bernardo do Campo.
São Bernardo do Campo é a cidade mais populosa do ABC, com cerca de 880 mil pessoas, e uma história muito importante pra região, já que inicialmente abrangia todas as atuais cidades do Grande ABC. Neste mapa da região metropolitana dá pra ter ideia do que seria uma cidade única no ABC:
Vale lembrar que foi em São Bernardo que futebol, política, economia e sociedade se interligaram, durante as greves dos metalúrgicos, em pleno regime militar, o Estádio 1º de Maio (na época, Estádio Distrital da Vila Euclides) foi a sede do comício que reuniu milhares, colaborando diretamente com o movimento das “Diretas já“, tendo como uma das lideranças, o futuro presidente Lula.
O segundo fato relativo à cidade é a cena cultural formado pelas bandas de hardcore com sonoridade próxima das finlandesas (vai ouvir Rattus, ou Força Macabra, pra entender), das quais escolhi o Ulster para ilustrar, por se tratar de uma banda antiga (de 1979), importante e impacatante. Mas poderíamos lembrar do Brigadas do Ódio, Ação Direta, Negative Control, F.D.S., entre outras.
O nome “Ulster” é uma referência à cidade irlandesa onde atuava o grupo terrorista IRA. Além do som rápido, agressivo e barulhento, eles tocam com um visual bem diferente, com rostos cobertos por um capuz negro.
Nosso foco hoje é falar do estádio de um dos times de São Bernardo do Campo que disputou o Campeonato Paulista Profissional: o Grêmio Esportivo Taboão. Mas o futebol do ABC tem outros times e outras histórias, caso queira conhecer mais, veja aqui o Mapa do Futebol no ABC, desenhado pelo Victor Nadal.
O Grêmio Esportivo Taboão foi fundado em 20 de janeiro de 1969, mas na verdade o time deu sequência ao legado do Esporte Clube Taboão, fundado em 1947. O time disputou seis edições da terceira divisão do Campeonato Paulista, de 1982 a 1987. Aqui, os resultados de sua participação em 1984, da qual não passou da segunda fase:
Aqui, os resultados de 1985, quando o Grêmio Esportivo Taboão não passou da primeira fase:
Em 86, mais uma vez o time não passou da primeira fase da terceira divisão, com os resultados:
Alguns recortes de jornal fornecidos pelo Dagoberto, do atual time:
Além disso, o GE Taboão disputou três edições da quarta divisão, entre 1988 e 1990. Aqui, a tabela de jogos da 4ª divisão de 1989 (antes que você pergunte, não só a mídia, mas a própria federação chamava a 4a divisão de “Terceira” porque a primeira divisão era chamada de “especial”:
Aqui, uma foto do time:
Nessas competições o time teria utilizado algumas vezes o Estádio do Baeta, mas também mandou os jogos no seu Estádio. E fomos até lá, no bairro do Taboão, conhecê-lo!
Aqui uma olhada no meio campo:
Aqui, o gol do lado esquerdo (pra quem está na arquibancada):
Aqui, o gol do lado direito:
O time ainda segue jogando no amador, como se pode ver:
Em suas arquibancadas, há capacidade para pouco mais de mil torcedores:
O belo distintivo do Grêmio Esportivo Taboão está ali na parede!
A foto é olhando pelo outro lado do campo, e fomos até lá conferir essa vista!
Os bancos de reserva:
Uma visão de dentro dos bancos:
Pode se perceber que o bairro do Taboão segue crescendo e se verticalizando…
É sempre bacana olhar o nome do time ali na parede.
O campo do Taboão segue no meio do bairro, entre uma parte mais urbanizada e um córrego, junto a um piscinão. Não é o cenário mais lindo do mundo. Mas, o futebol ajuda a mudar essa percepção.
O Grêmio Esportivo Taboão ainda é motivo de orgulho e alegria de um monte de gente envolvida com o time.
Mesmo que se sinta espremido por entre o bairro que insiste em crescer, o terrão e a arquibancada seguem firmes.
Pra não deixar a gente esquecer que tudo tem sua história. E, felizmente, tem futuro.
O futuro do Grêmio Taboão segue sendo escrito pelas ações dos atletas e do pessoal que coordena o time.
Talvez não vejamos o time de volta ao profissional. Mas o leão seguirá empunhando a bola, firme e forte.
E o campo seguirá resistindo ao cimento…
Um grande orgulho registrar esse estádio que levou o futebol do bairro do Taboão para a história do futebol profissional paulista!