Em julho de 2025 estivemos no Piauí, dando um super rolê por diversas cidades e aprendi que a capital Teresina fica ao lado de Timon, já no Maranhão, sendo divididas pelo rio Parnaíba.
O rio Parnaíba é o maior rio nordestino, navegável em toda sua extensão, sendo super importante para a economia do Piauí, não só para a pesca mas potencializando as atividades agropastoris, o transporte, a produção de energia elétrica, além do abastecimento urbano, lazer e turismo.
E atravessando o rio… Chegamos a Timon, já no estado do Maranhão!
Timon é a quarta cidade mais populosa do Maranhão mas faz parte do dia a dia da grande Teresina. Com base nos estudos sobre a presença indígena na área, pode-se supor que diversos grupos tenham habitado a região como os Gamela que transitavam entre o leste do Maranhão e o oeste do Piauí, povo agricultor e caçador, e que acabaram catequizados ou escravizados entre os séculos XVII e XVIII. Além dos Gamela, também haviam os Tremembé, os Timbira (que eram uma espécie de confederação de povos Jê), além de certa influência dos Tupinambá e Tabajara. Pedi pra IA uma imagem de como seriam os Gamela e olha aí o que veio:
A ocupação da região começou no século XVIII, por estar no traçado da estrada real que ligava os dois estados (Piauí e Maranhão) e fez com que fazendeiros, jesuítas e aventureiros acabassem se estabelecendo ao longo do caminho que de tão florido deu o nome ao lugar de… “Flores“. Somente em 1940, ocorreu a mudança de nome do município de Flores para Timon, numa homenagem ao intelectual maranhense João Francisco Lisboa, que deixou uma obra com o título Jornal de Tímon, numa referência ao célebre filósofo da Antiga Grécia.
Além disso, também no início dos anos 1940, tendo o Sr. Urbano Martins como interventor nomeado por Getúlio Vargas, foi construído campo que seria o Estádio Miguel Lima.
Atualmente, quem manda seus jogos la é o Timon Esporte Clube.
O TEC é um time recente, fundado em 2005 e que passou a disputar a série B do Campeonato Maranhense em 2007. Depois disputou as edições de 2010, 2014, 2017, 2018, 2019, 2020 (quando acabou rebaixado para a terceira divisão, pela perda de 16 pontos por uma irregularidade), 2021 (não houve terceira divisão e acaba voltando pra segunda), 2022, 2023, 2024 e 2025. O time chegou a bater na trave do acesso por várias vezes…
Outro time da cidade é a Sociedade Esportiva Juventude Timonense, fundado em 14 de janeiro de 2008, que atuava focado no futebol feminino mas que mais recentemente passou a ter equipes de base no masculino também.
A SEJ Timonense foi campeã do Campeonato Maranhense de Futebol Feminino de 2019, representando o Maranhão na série A2 do Campeonato Brasileiro de 2020. Em 2019 e 2022 também conquistou o título estadual.
E cruzando as ruas da cidade, enfim chegamos à casa do futebol de Timon…
Então é hora de conhecer o Estádio Miguel Lima, onde meninas e meninos escrevem suas histórias no futebol profissional e amador!
Como as portas estavam abertas, fomos dar um rolê e conhecer um pouco deste estádio já tradicional na história do esporte da cidade.
Vale um registro com sua bela arquibancada de fundo!
O gramado estava em dia, principalmente se considerarmos o forte calor da região e a falta de chuva do seco inverno piauiense.
O Estádio possui ainda uma pista de atletismo em torno do campo, que permite a prática de outros esportes à população.
O banco de reserva é de cimento. Pode não ser tão estiloso, mas dura mais…
Ali atrás do gol, um ginásio esportivo que complementa o equipamento municipal.
Acima da arquibancada, temos várias cabines de rádio em uma estrutura simples mas muito bem planejada.
Tradicional registro do gol da direita:
O gol da esquerda:
E o meio campo:
Para finalizar, não podíamos deixar de falar de outro time sediado em Timon, mas que não manda seus jogos nem em sua cidade natal, nem mesmo em seu Estado natal: o Esporte Clube Timon!
O Esporte Clube Timon disputa os campeonatos no estado do Piauí, sendo filiado à Federação de Futebol do Piauí, desde 2015. O time foi vice-campeão da Segunda Divisão do Campeonato Piauiense de 2019, conquistando o acesso para a 1ª divisão do estadual de 2020.
Recentemente, tivemos em Santo André uma feira de cultura do Afeganistão e eu achei incrível a oportunidade de poder conhecer um pouco do povo que nasceu tão longe e atualmente, por problemas sociais, políticos e até religiosos, está vivendo no nosso país. Olha que bacana!
Nova formação do Visitantes? Não, não, só um papo intercontinental sobre música.
E olha cada coisa gostosa…
Além de experimentar várias comidinhas deliciosas e de trocar um monte de ideia sobre cultura em geral, acabei registrando um papo sobre futebol com um dos afegãos que estiveram ali, se liga:
É difícil falar sobre o futebol sem tentar minimamente entender a história do país. Devido à sua localização estratégica ligando o Oriente Médio à Ásia Central e ao subcontinente indiano, o território do atual Afeganistão foi um ponto essencial para a rota da seda e para a migração humana, sendo ocupado por diversos povos.
Seu território sempre foi muito disputado desde a antiguidade até os dias atuais. A história moderna do Afeganistão começa em 1709, com a ascensão dos Pachtuns (ou “pastós”) ao poder em 1747. Em 1776, sua capital foi transferida de Candaar para Cabul. No final do século XIX, o Afeganistão acabou servindo de divisa “neutra” entre os impérios britânico e russo, por isso essa parte mais estreita, porém longa no lado leste do país.
O Reino do Afeganistão, por vezes referido como Reino de Cabul, foi reconhecido como um estado soberano pela comunidade internacional após a assinatura do Tratado de Rawalpindi em 1919. Mas provavelmente você já viu alguma coisa referente à história do país e nem lembra, como por exemplo o livro “O livreiro de Cabul”. Ou veja aqui uma lista de 10 filmes sobre o país.
Após a segunda guerra, a guerra fria teve um desdobramento importante no país: a União Soviética passou a se relacionar mais intensamente com o Reino. Em 1973, a monarquia foi derrubada pelo grupo do general Sardar Mohammad Daoud Khan (esse da foto abaixo), primo do rei Mohammad Zahir, e a URSS torna-se forte aliada da recém formada República com a promessa de maior democracia.
Porém, aos poucos, os EUA foram se reaproximando do governo o que culminou em um novo golpe, em 1978, dessa vez dado pelo partido comunista local, fazendo a URSS voltar a ter protagonismo no Afeganistão. E para evitar futuros problemas e a sensação de incerteza política, os soviéticos decidiram ocupar o país em 1979.
Nem toda a população local curtiu esse movimento, principalmente os grupos extremistas islâmicos que criou uma resistência armada por meio de guerrilhas, como o grupo Mu Jahedin.
E adivinha quem apareceu para apoiar estes guerrilheiros com armas, treinamentos e grana? Se você disse Estados Unidos da América, acertou! Aliás, um dos que receberam essa ajuda foi um cara chamado Bin Laden…
Para os americanos, tudo valia a pena desde que barrassem o crescimento da influência soviética no mundo. E acabou dando certo, pois em 1989, a União Soviética decide tirar suas tropas do Afeganistão, mas o que se viu na sequência foi uma verdadeira guerra civil.
Cara, que povo sofrido… É tiro de todo lado! Era um caos a situação pós União Soviética, mas as coisas ainda iriam piorar: um grupo miliciano dos Mu Jahedin formado por pachtuns conseguiu chegar ao poder em 1996. Era o nascimento do talibã e com ele um novo tipo de governo, legislado pela sharia, uma lei baseada em uma interpretação “beeem particular” do islamismo, bastante antidemocrático, fortemente bélico e que representaria um regresso no tipo de vida que o povo afegão vinha levando.
Só pra exemplificar e citando matéria e foto do G1 (veja aqui), o talibã proíbe música, maquiagem e que as meninas de 10 anos ou mais vão à escola.
Porém, as coisas iriam mudar drasticamente com o ataque às torres gêmeas nos EUA em 2001 pelo grupo Al-Qaeda. Os americanos declararam guerra ao terrorismo e o líder do grupo Osama Bin Laden tornou-se seu principal alvo, como mostrou a capa do “New York Post” de 18 de setembro de 2001:
Tentando fugir dos seus perseguidores, adivinha para onde fugiu Osama Bin Laden? Para o Afeganistão. Assim, dando sequência à “Guerra ao terror”, os EUA invadem o Afeganistão e retiram o talibã do governo.
Porém, assim como aconteceu com os soviéticos, os americanos passaram anos ocupando o país e enfrentando guerrilhas e atentados realizados pelo talibã.
O custo financeiro e também das vidas perdidas, fez com que, em 2014, o então presidente Barack Obama decidisse começar a retirar suas tropas do Afeganistão. Na sequência, Donald Trump iniciou negociações diretas com o próprio talibã para negociar o futuro do país com a saída do exército americano. Somente no governo de Joe Biden, em 2021, a saída das tropas se deu na prática. Imediatamente o talibã atacou o “governo” e voltou ao poder, para o desespero da população local que tentou de todas as maneiras fugir…
O país volta a se chamar Emirado Islâmico do Afeganistão.
Para um resumo de toda essa história, recomendo o vídeo abaixo
A atual retomada do poder pelo talibã, significa voltar um cenário desolador, prejudicando diversas atividades culturais, entre elas o futebol.
Contextualizando a história do futebol, chegou a existir uma seleção nacional ainda nos anos 20 (veja foto abaixo), e a Federação Afegã foi criada em 1922, filiada na FIFA em 1948, e na Confederação Asiática de Futebol desde 1954, sendo um dos seus membros fundadores.
O primeiro clube de futebol afegão foi o Mahmoudiyeh FC, fundado em 1934. Depois surgiu o Ariana Kabul FC, em 1941. De 1946 a 1955 existiu a Liga de Cabul (Kabul Premier League), que teve um único campeão em suas 10 edições: o Ariana Kabul FC. A Liga não foi disputada de 1956 a 1968, retornando na temporada 1968/69 com dois clubes (Habbibiya e Pas Cabul) e a partir de 1978 com 16 clubes. A partir de 1984, com a intervenção soviética não houve mais disputa. Depois, sob o domínio talibã, o futebol era permitido, mas a popularidade deste esporte foi explorada para espalhar propaganda, a ponto de usarem os estádios para realizar execuções públicas na frente de milhares de espectadores nos intervalos dos jogos.
O regime também proibiu mulheres de praticarem esportes, o que levou a protestos de muitas atletas e à saída do país da ex-capitã da seleção afegã, Khalida Popal, em 2011.
Com a queda do talibã em 2001, a Federação volta a atuar com afinco. A Seleção Afegã de Futebol vence o Campeonato da Confederação Sul-Asiática de Futebol (SAFF) de 2013.
Em 2012, uma nova Liga do Afeganistão foi fundada, a Afghan Premier League (APL), também conhecida como Roshan Afghan Premier League.
Sob ocupação dos EUA, o american way of life chegou ao futebol: um reality show chamado Maidan e Sabz definiu pelo público da tv os atletas que compuseram as oito equipes, cada uma representando uma região no Afeganistão, a disputar o Campeonato Nacional a partir de então. Veja um dos capítulos:
Então, vamos conhecer os 8 times, começando pelo Shaheen Asmayee FC. “Shaheen” significa falcão, enquanto “Asmayee” refere-se às majestosas Montanhas Asmaye que dominam o horizonte da capital, Cabul.
Shaheen Asmayee representa Cabul, a capital do país, onde vivem mais de 5 milhões de habitantes. Conquistou 4 títulos da Premier League Afegã (2013, 2014, 2016 e 2017), este é o time de 2013:
Outro time é o Toofan Harirod. Toofan significa “Tufão” e Harirod é o nome do rio com mais de 1.100 quilômetros de comprimento, que flui até a fronteira iraniana, dividindo os dois países.
Toofan Harirod representa a zona ocidental do país e foram os primeiros campeões da Afghan Premier League (APL) em 2012.
Encontrei até uma foto de uma torcedora no campo:
Falemos agora do Simorgh Alborz, que representa as províncias do norte. Simorgh é o nome de uma ave mítica e Alborz é o nome da cordilheira presente na região.
O Simorgh Alborz foi vice-campeão da APL de 2012 e 2013.
Já o Oqaban Hindukosh, tem seu nome em homenagem à cordilheira Hindukosh que serve de casa para as grandes águias do Afeganistão (Oqaban).
Mawjhai Amu representa o nordeste do Afeganistão. Amu é o nome do rio que se estende desde as montanhas de Pamir até o Mar Aral, fazendo fronteira com o Tajiquistão, Uzbequistão e Turquemenistão. Mawjhai significa “onda”.
Representando a região oriental do Afeganistão, temos o time do De Abasin Sape. Abasin é o nome Pashto do rio Indus, que alimenta muitos pequenos rios no Afeganistão. Sape é uma palavra de Pashto que significa ondas.
Representando as Montanhas Spinghar, as Montanhas Brancas, na parte oriental da cordilheira Hindukosh temos o Spinghar Bazan. Bazan significa falcões, muito comuns pelo Afeganistão, especialmente nos climas montanhosos mais frios.
A 8ª e última equipe, representa as províncias de Kandahar, Nimroz, Helmand, Zabul e Orozgan: De Maiwand Atalan. Seu nome vem de uma famosa aldeia no norte de Kandahar chamada “Maiwand”, conhecida pela Batalha de Maiwand, durante a Segunda Guerra Anglo-Afegã e complementado com o “Atalan”, que significa “Campeões”.
Seria lindo acabar por aqui com você imaginando quanta pujança no Campeonato do Afeganistão, mas… A volta do talibã, em 2021 trouxe uma série de mudanças, a começar pelo nome do campeonato, que passou a ser Afghanistan Champions League.
Um fato triste é que um ex-jogador da seleção de base do Afeganistão, Zaki Anwari, que tentava fugir do país agarrado a um avião acabou morrendo…
Antigos clubes foram reativados no lugar daqueles criados durante a ocupação americana, e uma tentativa de usar o futebol como propaganda de que o talibã está menos agressivo. Será? Os times atuais são o Attack Energy:
O FC Sorkh Poshan…
O Istiqlal_FC…
E o Abu Muslim, entre outros…
Aqui, a classificação final do campeonato de 2022:
Mas se o talibã voltou, também temos viva a luta da eterna capitão do time feminino Khalida Popal! Vivendo como refugiada na Dinamarca, ela voltou a desafiar o sistema do talibã com o objetivo de resgatar meninas e mulheres atletas do próprio país.
Montou uma organização muito legal: a Girl power! (clica aí e confere) Ela escreveu um livro que eu ainda quero ler: My beautiful sisters
Eae? Você já sabia algo do Afeganistão? O post ajudou? Ou você nem chegou a ler essa última linha? O mundo é enorme!
Seja bem-vindo a uma das mais tradicionais e interessantes competições, realizada desde 1942 pela Federação Paulista de Futebol! Assim como fez em 2024, o amigo e jornalista Mário Casimiro Gonçalves criou um guia para a edição deste ano, e você pode baixá-lo aqui neste link!
Para comemorar mais uma edição desse incrível Campeonato fomos até Mauá para acompanhar o embate entre o representante da Liga de Mauá, o Scorpions AEC e o Unidos São Gonçalo, representando a Liga de Taubaté.
E jogando em casa, o Scorpions contou com o apoio de sua torcida!
Mas o pessoal de Taubaté não deixou por menos e a “Residência dos Loucos” se fez presente e cantou sem parar!!!
E entre eles, a Guarda Municipal levou a sério a divisão entre os torcedores.
Em campo, o jogo foi levado a sério, como se fosse uma decisão desde o primeiro minuto, o que é bacana por um lado, já que dá um baita clima mas ao mesmo tempo fez o primeiro tempo ser bastante truncado…
O time visitante teve até chances de abrir o placar, enquanto os donos da casa pararam por duas vezes no bom goleiro do União São Gonçalo, Rafael Dida.
A torcida local sabia que o 0x0 não era um bom resultado, já que nessa primeira fase são grupos de 3 times onde apenas um se classifica para os mata-matas!
Por isso, o pessoal do Scorpions apoiou seu time como sempre!
Dá lhe bateria!
Olha a oportunidade para o Scorpions…
Aliás, que bonito ver o Estádio Pedro Benedetti colorido com faixas, bandeiras e até fumaça.
O segundo tempo começou com os dois times prometendo tudo ou nada!
O time visitante não teve receio de se lançar ao ataque, mas… foi o Scorpions que cumpriu a ideia de construir o seu gol!
Quando a torcida local estava começando a se tranquilizar acreditando que teria os 3 pontos na partida…
O União São Gonçalo empatou o jogo… Fim de partida: 1×1.
Abraço ao amigo e jornalista Mário que além de fazer o Guia ainda apareceu lá em Mauá para cobrir o jogo pelo Diário de Atibaia! E um abraço também pro Daniel Alcarria, figurinha carimbada do futebol mauaense que em breve lança livro novo sobre o Grêmio!
E hoje chegamos à 224ª camisa do acervo com uma estreia ilustre: a seleção nacional de Malta!
A camisa foi presente do amigo Rafa, que por tantos anos morou por lá e agora está de volta ao Brasil, muito obrigado!!! Malta é um país pequeno, uma ilha com visuais inacreditáveis… Veja onde fica, no mapa abaixo, ali no meio do mar Mediterrâneo:
O país possui uma história futebolística que vale a lembrança. A seleção maltesa estreou nos gramados internacionais em 1957, em um jogo contra a Áustria, e só dois anos depois filiou-se oficialmente à FIFA.
Sabe quem esteve no país em 1975? Pelé!
Na época, ele estava viajando como embaixador do futebol em nome da Pepsi e ele chegou a comandar uma sessão de treinos, no Empire Stadium, em Gzira, um campo que, devido à escassez de água na região, não era de grama, mas sim de areia e cascalho, o que resultava em frequentes lesões.
A visita de Pelé a Malta deixou um legado que perdura até hoje e que fortaleceu os laços entre a população maltesa e o futebol brasileiro. Malta nunca disputou uma copa do mundo, mas tem sido presença constante nas eliminatórias.
Esse ano segue na disputa das eliminatórias levando sua torcida à loucura a cada mínima conquista como o empate frente a Lituania.
Assim, embora um país importante e muito bonito, é uma seleção “azarona”, cuja camisa acabou se transformando em símbolo de resistência, paixão e orgulho de uma torcida que acredita em dias melhores, mesmo contra os gigantes da bola. Lembrando que esse orgulho nacional tem representatividade histórica já que o arquipélago passou boa parte da sua história sob o domínio dos outros povos.
Destaco duas coisas na camisa: a cor vermelha, que dá sentido ao apelido da seleção “Os Vermelhos” e a Cruz de Malta, essa cruz de oito pontas, baseada em desenhos das Cruzadas, que simboliza a ordem de São João, a Ordem dos Cavaleiros Hospitalários, e a própria ilha de Malta.
A camisa da seleção de Malta representa um pedaço da história de um país pequeno, mas cheio de paixão e representa o amor pelo futebol que resiste, mesmo sem títulos ou glórias, mas com orgulho e identidade.
Domingo, 6 de outubro de 2025. Dia de acompanhar mais uma partida válida pela série C do Campeonato Brasileiro, dessa vez aqui pelo ABC mesmo: São Bernardo FC x SER Caxias do Sul, e vamos ficar com a torcida visitante!
Bandeiras e faixas misturam o grená e o azul ao tradicional amarelo e preto do Estádio Primeiro de Maio, em São Bernardo.
E as cores da bandeira gaúcha também estavam na bancada!
No lado local, a Febre Amarela e a Guerreiros do Tigre eram as responsáveis pela festa!
Times entrando em campo, é hora do cerimonial de início do jogo…
E lá vem o time do Caxias saudar sua torcida!
A Torcida Falange Grená chegou para animar ainda mais a bancada dos visitantes:
O jogo começa e as emoções estão a flor da pele… É quase uma decisão antecipada!
Não a toa a torcida do Caxias procurou apoiar o time desde o início!
E por 90 minutos, São Bernardo se transformou em uma parte da serra gaúcha. Só faltou o vinho e o chimarrão…
Mas também teve a presença dos amigos do time de Caxias…
A torcida local se fez ouvir e, como se a cidade toda estivesse de mãos dadas, a torcida empurrou o time do São Bernardo…
Consequência… Aos 37’ do 1º tempo, Dudu Miraíma marca o gol do São Bernardo FC:
Festa na arquibancada…
E no campo…
Tava uma noite com clima de decisão no Primeiro de Maio!
Como temos feito nesses jogos junto dos torcedores de outros estados, aproveitamos para ouvir um pouco da torcida do Caxias:
Começa o 2º tempo e o Caxias tenta equilibrar o jogo.
O pessoal do sul se empolga no apoio. O Caxias precisa do empate!
E o time gaúcho até cria as chances pro empate:
A torcida se empolga…
Será que o gol virá no escanteio?
A torcida local se esforça pra não deixar o Caxias crescer no jogo…
E a torcida do Caxias fica ainda mais apreensiva…
O tigre do ABC segue usando as laterais para chegar ao ataque.
Escanteio para o São Bernardo:
O tempo é curto… E passa rápido para quem está perdendo…
E mesmo com tanta pressão, o placar não se altera. Vitória dos donos da casa por 1×0, para a alegria do Victor Nadal, do Héctor e do pessoal da Febre Amarela. À torcida do Caxias resta acreditar e torcer por uma combinação de resultados que ainda pode dar a vaga à série B ao Caxias. Do outro lado, o São Bernardo celebrou um resultado fundamental diante de sua torcida, que fez do Primeiro de Maio um verdadeiro caldeirão. Mais uma noite respirando e vivendo o futebol brasileiro que une sotaques, cores e histórias em torno de um mesmo amor: o futebol.
20 de setembro de 2025. Celebramos o aniversário da Mari com um rolê pelo tradicional Circuito das Águas Paulistas, e aproveitei para conhecer 3 estádios. Os dois primeiros deles foram em Socorro: o Estádio Nego, a casa da AA Socorrense e o Estádio João Orlandi Pagliusi. Você pode ver o post sobre estes dois estádios aqui!
E agora, chegamos ao terceiro deles: o Estádio Municipal Pedro Torteli, em Lindóia.
Não encontrei nenhuma informação oficial sobre quais eram os povos indígenas que ocupavam a área antes da chegada dos portugueses, mas sabe-se que no geral, a região foi habitada por diversas etnias naquele como os Tupi, Tamoio, Tupiniquim entre outros. A formação da atual cidade se deu por estar no caminho entre o litoral e as minas de Goiás.
No início, o pequeno povoado tinha o nome de Brotas do rio do Peixe. Com a construção do ramal férreo da Cia. Mogiana, de Serra Negra em 1890, a região adquiriu um canal para escoamento de sua produção agrícola. Em 1938, foi criada a “Estância Hidromineral de Lindóia“, futura Águas de Lindóia, e a partir de 1953, se tornou sede de cidade, enquanto Lindóia passou a ser apenas Distrito de Paz. Em 1965, Lindóia adquiriu a sua emancipação Política Administrativa O futebol surgiu na cidade ainda nas primeiras décadas do século XX mas nunca se aventurou pelo profissionalismo. Mesmo assim, mantém desde 1972 o lindo Estádio Municipal Pedro Torteli, a casa do futebol local, e assim, lá fomos nós conhecer e registrá-lo!
Olhando das arquibancadas, este é o lado esquerdo. Lá ao fundo, temos uma linda quadra de bocha.
A quadra segue em uso contínuo!
Aqui, o gol do lado direito:
E aqui, o meio campo:
O singelo Estádio tem capacidade para 2 mil torcedores.
Vamos dar um rolê para conhecer:
É sempre uma aventura cheia de aprendizados estar em mais um Estádio do interior de SP!
Pra quem pergunta quais times utilizam este estádio, conheça alguns deles:
Aqui, uma imagem de um time posado com uma camisa identificando-o como EC Lindoia.
Bacana o lugar, não?
O Estádio Pedro Torteli não é apenas um espaço esportivo, mas um ponto de encontro comunitário, onde famílias se reúnem, jovens têm seu primeiro contato com o futebol e assim, mantém viva a tradição do esporte como ferramenta de integração social, fortalecendo o vínculo entre o passado e o presente de Lindóia.
E, como em tantos outros estádios do interior, sua importância vai além do placar ou das competições: ele representa a identidade de uma cidade que, mesmo pequena, encontra no futebol um motivo de orgulho.
Visitar o Pedro Torteli é testemunhar a resistência da cultura esportiva local e valorizar a memória de quem construiu essa história, sempre lembrando da importância de apoiar e preservar o time e o campo da sua cidade.
Mais um patrimônio do futebol do interior paulista registrado!
Sábado, 27 de setembro de 2025. Sábado de decisão em Campinas: a Ponte Preta está a um passo do acesso à série B, e o Náutico luta para manter vivas as suas chances na disputa pelo acesso.
Sendo um apaixonado por futebol, fica difícil escolher de que lado acompanhar a partida, já que as duas camisas são pesadíssimas e estão em momentos cruciais, acabei escolhendo ficar com o pessoal pernambucano porque será mais difícil reviver essa experiência. Mas ainda voltaremos ao Moisés para acompanhar a Ponte!
Como tem muita foto e muito vídeo e o resultado já é conhecido, vou postar as fotos e vídeos que mostram a festa que foi o Moisés Lucarelli no sábado, começando pelo lado alvi-rubro do Estádio.
Tão bonito quanto imaginar o deslocamento do pessoal lá do Recife até Campinas, foi pensar em como deve ser legal estar morando em São Paulo e o seu time “vir te visitar” para uma partida como esta!
Muitas vezes, o amor ao Náutico é tão grande quanto o sentimento em relação a Pernambuco e não a toa lá estão as bandeiras do estado nordestino lado a lado com as do time do coração…
Também haviam diversas faixas na bancada visitante:
Sabe aquele som o Dead Fish que diz “Somos nós contra todos”? Olhando para a massa pontepretana, acho que essa é a ideia que passava na cabeça da torcida visitante.
E sim. A torcida da Ponte Preta foi um show a parte nesta partida. Se teve alguém que seguiu acreditando até o final foi o torcedor alvinegro.
Olha o recebimento que eles prepararam para o time:
Pra quem vê o futebol como uma cultura capaz de gerar pertencimento, que faz a gente se sentir integrado e ver como juntos podemos ser fortes, o futebol no campo acaba ficando em segundo plano… O que mais importa mesmo acontece na bancada!
Ok, mas vamos lá, em campo o jogo estava bom, se liga nesse ataque do Náutico:
A torcida responde transformando amor em energia, em música, palmas…. Em loucura?
A torcida da Ponte faz barulho e tenta por o time no jogo!
Aproveitei o intervalo para ouvir um pouco dos torcedores do Náutico:
Quando parecia que o 0x0 seria uma certeza, a torcida se concentra em uma decisão fora de campo: o VAR chamou para pedir penalty para o Náutico…
E o penalty vira gol…
Mas, o capítulo final desta história seria de muita felicidade para a torcida local. Em um cruzamento da esquerda, aos 48 do segundo tempo, Miguel empatou o jogo.
Somando este resultado à derrota do Guarani para o Brusque, na sequência da rodada, a Ponte Preta mostrou que não combina com a série C e está de volta à série B do Brasileiro!
Mais uma vez agradeço ao futebol pelo rolê inesquecível!
20 de setembro de 2025. Celebramos o aniversário da Mari com um rolê pelo tradicional Circuito das Águas Paulistas, e aproveitei para conhecer 3 novos estádios. Os dois primeiros deles foram em Socorro, começando pelo Estádio Nego Bonetti.
O Estádio Nego Bonetti é a casa da AA Socorrense:
Segundo a própria Federação Paulista, a Associação Atlética Socorrense foi fundada em 28 de abril de 1918 e eu gostaria muito de saber porque no estádio e em outros locais do clube, eles dizem 1919…
Sua sede fica na Av Doutor Renato Silva, 222, mas nós entramos pelo acesso direto ao estádio que fica na pracinha da rua Ferrucio Beneduzzi.
O time tem muita história! Começou disputando amistosos e estreou em competições oficiais em 1921 no Campeonato do Interior, organizado pela APEA e jogando a Zona Mogiana. Neste ano, só pra vc ter ideia da importância desse campeonato, o Comercial de Ribeirão Preto foi o vencedor da Zona Mogiana e o Paulista de Jundiaí foi o campeão.
A AA Socorrense participa também do Campeonato de 1930, dessa vez jogando na 2ª região, que teve o Amparo AC como vencedor.
O time retorna às disputas em 1943, e no campeonato de 1944, acontece o dérbi socorrense com o União FC.
O União FC foi fundado em 1942 e atua até os dias de hoje!
Em 1945, a AA Socorrense jogou a 6ª região, em um grupo com 23 times, que teve a Ponte Preta campeã da região, e também vice campeã geral (o título foi do Batatais).
Disputando a forte 3ª Zona, a AA Socorrense fez história ao bater o Guarani (que seria campeão da Zona e vice campeão geral), como noticiado pelo Diário da Noite.
Não a toa ganhou apelidos regionais como o “Tigre da Mogiana” e “Esquadrão de Aço”. Em 1947, sagrou-se campeã do Setor 7, classificando-se para a fase de “Zona”.
Os setores de 5 a 9 jogavam a Zona 2, e desta vez quem se classificou foi o Bragantino, mas o campeão final foi o Rio Pardo FC.
Em 1947, a FPF instituiu a divisão profissional do interior, paralela à divisão amadora do interior e em 1948, instituiu a Lei do Acesso, transformando a divisão profissional do interior na segunda divisão profissional e a AA Socorrense participa deste Campeonato histórico jogando a Série Vermelha!
O campeonato amador do interior continuou a ser disputado até hoje, com o nome de Campeonato Amador do Estado e nestes muitos anos, várias vezes a AA Socorrense se fez presente. A Gazeta Esportiva trouxe na edição de 22 de abril de 1955 uma foto do “Esquadrão de aço” campeão do setor 11 e Zona 2 do Campeonato Amador daquele ano:
A IA deu uma mexida na foto:
É deste ano também a reportagem da mesma Gazeta sobre o bravo goleiro Wando:
Além de uma matéria sobre mais uma “vítima” do time de Socorro (que queria a anulação do jogo porque o juiz escalado para a partida não compareceu).
Voltando ao presente, aí estamos nós, em frente a essa arquibancada incrível do Estádio Nego Boretti, a casa da AA Socorrense, que tantas partidas presenciou…
Ao fundo, as montanhas marcam o visual típico da região.
O campo está sofrendo os efeitos da dura seca do inverno de 2025… Mas segue sendo cuidado.
Olhando pela arquibancada, este é o gol da esquerda:
Este é o meio campo, com o ginásio ao fundo:
E o gol da direita:
Mas o grande ponto desse estádio é sua arquibancada em madeira…
Interessante notar os detalhes como essa pequena cerca que separa a arquibancada dos bancos de cimento…
O telhado também é muito bonito.
O futebol é mesmo essa mistura de arquitetura, geografia, história e emoções.
O banco de reserva também construído com materiais que parecem de outros tempos…
O segundo estádio que estivemos presentes, ainda em Socorro, foi o Estádio João Orlandi Pagliusi (imagem da Fanpage “Postais de Estádio”):
Já fez um drive trhu de estádio? Seja bem vindo:
O terceiro novo estádio deste rolê foi o Estádio Municipal Pedro Tortelli, em Lindóia, mas isso fica para o próximo post.
Agora, com um misto de missão cumprida e até de certa tristeza por ser o post final, falaremos sobre o futebol de Campo Maior.
Assim que chegamos à cidade, ficamos encantados pelo açude e pelo lindo cenário ao fundo!
Do outro lado do açude está Yemanjá.
A cidade de Campo Maior foi palco da Batalha do Jenipapo, importante confronto pela Independência do Brasil e também é reconhecida como a “capital da carne de sol” no Piauí. Ao chegar na cidade, é possível avistar carnes estendidas para secagem e diversos estabelecimentos especializados na sua produção
Mas a cidade também tem uma grande tradição quando falamos de futebol. Isso porque além de diversos times amadores, Campo Maior possui dois times no profissional. O primeiro deles, o Comercial Atlético Clube, fundado em 21 de abril de 1945.
Seu mascote é o bode!
A partir de 1950, o Comercial AC passa a disputar as competições profissionais do Piauí. No campeonato estadual, o grande destaque é para o título de campeão de 2010.
No ano seguinte, o time quase conquista o bicampeonato, após vencer o primeiro turno do Campeonato e perder a final para o vencedor do segundo turno, o 4 de Julho de Piripiri.
O time ainda possui dois títulos da série B estadual, em 2004 e 2022.
Em 2011, faz sua estreia em competições nacionais ao disputar a Copa do Brasil (logo contra o Palmeiras) e a Série D. Em 2023, o time foi muito citado por ter apostado no treinador iraniano Koosha Delshad, mas que comandou a equipe em apenas um jogo, contra o River, onde após ser goleado sofreu ofensas xenófobas, sendo chamado de “terrorista”.
Em 2025, ano da nossa visita, o time disputa a série B do Campeonato Piauiense.
E na tabela acima pode se ver que o Campeonato também contará com a participação do outro time da cidade, o Caiçara Esporte Clube, fundado em 20 de janeiro de 1954.
O chamado “Leão da Terra dos Carnaubais” nasceu do bom momento da cidade de Campo Maior nos anos 50, principalmente por conta do comércio da cera de carnaúba via a CasaMorais, que possui muitos trabalhadores vindos da Casa Inglesa e que tinham conexão com o Comercial Atlético Clube. Logo, essas pessoas decidiram fundar um novo time de futebol para a cidade: o Caiçara Esporte Clube.
Por muito tempo, a Casa Morais bancava o time quase como uma “pré SAF” no século passado, e ainda tem gente que acha que o futebol piauiense é atrasado.
Além disso, por 2 vezes, o time terminou o Campeonato Piauiense da primeira divisão com o vice campeonato: em 1990 e 1995 e um vice da segunda divisão em 2007.
E ambos estes times mandam seus jogos no histórico Estádio Deusdeth Melo:
Assim, aproveitamos esse rolê para conhecer e registrar a casa do futebol em Campo Maior, que homenageia o homem que levou o futebol no início do século XX para Campo Maior.
O Estádio Deusdeth de Melo foi construído em 1947 e desde então é um ponto importante de concentração para a população local. Mas, ano após ano passa por problemas na hora de retornar às disputas oficiais. Desta vez, não foi muito diferente. Quando estivemos lá, o mato havia tomado conta do que outrora foi o campo…
A parte menos prejudicada é a arquibancada. O bom e velho cimentão pintado só precisa de uma leve capinada pra ficar novinho em folha.
Mas, olhando para o gol, me pergunto se realmente dá pra se recuperar o campo na velocidade necessária para o início do Campeonato Piauiense da segunda divisão…
Do ponto de vista estrutural, está tudo ali… O banco de resevas…
Até um mini gerador alimentado por energia solar…
A arquibancada do outro lado é muito bonita e conta com duas cabines ou camarotes uma em cada extremo.
Ao fundo a cidade ainda demonstra um aspecto pouco urbano…
Espero que a casa dos dois times de Campo Maior na segundona do Piauiense esteja em dia na hora da estreia…
Como nas demais partes desse rolê, fizemos um vídeo editando um pouco do todo que foi o rolê pela cidade e pelo estádio, confira como ficou:
E assim, terminamos os posts sobre o nosso inesquecível rolê pelo Piauí, como sempre, agradecendo a cada uma das pessoas que fizeram essa tour possível e que de um jeito ou de outro acabou participando dessa vivência mágica. Obrigado Piauí, e obrigado piauienses. Esperamos um dia poder voltar!