O futebol profissional em Itararé

Feriado de 7 de setembro de 2021 e lá vamos nós conhecer e registrar mais uma cidade com uma grande tradição futeboleira!

Em 2018, estivemos no Estádio Municipal Pedro Benedetti para acompanhar Mauá FC x AA Itararé (veja aqui como foi) e conheci alguns torcedores visitantes que narraram com extremo orgulho seu amor pelo time. Prometi a eles que um dia iria até Itararé registrar o Estádio local.

Itararé é divisa com o Paraná, no chamado Campos de São Pedro e seu nome é uma expressão tupi-guarani e significa algo como “pedra” (ita) “que o rio cavou” (raré), referindo-se ao rio Itararé que corre em um leito rochoso desgastado pela água, formando altos paredões, grandes cachoeiras e belas grutas, como a que fica no Parque Ecológico da Barreira:

Como em todo o Brasil, antes dos europeus, a região era habitada por indígenas, nesse caso, os da etnia Guaianases, que iriam se trombar com bandeirantes, exploradores, jesuítas e tropeiros que tinham no local um ponto de descanso entre o sul e Sorocaba. Na época, o rio Itararé dividia as vilas de Sorocaba e Curitiba, e ali havia um local de mais fácil travessia. No século XVIII, começa a surgir uma ocupação dedicada `a Agricultura e criação de gado conhecido como “Fazenda de São Pedro”. No século XIX, foi construída uma capela, ampliando a importância do lugar. Aqui a região retratada por Jean Debret:

Itararé se torna freguesia em 1885, e em 1893, surge o Município de São Pedro de Itararé. Na Revolução de 1930, teve seu grande momento quando Getúlio Vargas partiu de trem rumo ao Rio de Janeiro, e se esperava que ocorresse uma grande batalha em Itararé, que acabou não ocorrendo pois a cidade acolheu Getúlio na estação ferroviária, permitindo sua entrada no Estado de São Paulo, onde os militares depuseram o presidente Washington Luís.

E cá estamos nós passeando pelas ruas de Itararé

E a cidade não fez parte apenas da história política do Brasil, também marcou seu nome no futebol amador e profissional, e pra falar disso, é necessário contar a história de 2 times e visitar 2 estádios. Começando pelo mais antigo, o Clube Atlético Fronteira.

O Clube Atlético Fronteira foi fundado em 21 de abril de 1921 ainda com o nome de Associação Esportiva Itarareense. Mas mudaria de nome para Barranco F.C., depois Fronteira F.C. e finalmente, Clube Atlético Fronteira (por questões “geográficas”). O time nasceu focado no futebol e passou a disputar os torneios e campeonatos amadores, logo tornando-se um dos mais fortes da região. Sua sede social fica no centro da cidade .

Logo surge seu estádio, “Hugo Kennedy” que hoje é um verdadeiro cartão de visitas para o alvirubro. E nós fomos conhecê-lo!

Aqui, algumas imagens do time do início do século XX:

Em 1936, sagrou-se campeão regional, mas se você souber maiores informações sobre esse título, por favor avise, já que essa imagem está na fanpage do clube e não traz maiores informações:

Até Arthur Friendenreich, “El Tigre”, em 1939 chegou a vestir a camisa do CA Fronteira!

Outras fotos bacanas que estão na fanpage do clube mas infelizmente sem a data das mesmas:

Depois de anos disputando o amadorismo, em 1962 chegou a vez do CA Fronteira estrear no profissionalismo jogando a 3a divisão profissional, o quarto nível do futebol paulista daquele ano.

Infelizmente, a experiência foi muito abaixo da expectativa, tendo se limitado a 5 partidas, com 5 derrotas.

Aqui, uma imagem da partida CA Fronteira 2×2 Ituano, realizado em 7 de junho de 1964.

Mas voltemos aos tempos atuais para relembrar a nossa visita ao Estádio Hugo Kennedy.

O estádio fica numa região bem central da cidade e segue super bem cuidado, mesmo estando 100% dedicado ao futebol amador.

Aqui o gol da esquerda com a igreja ao fundo.

Aqui, o meio campo:

Ao fundo a arquibancada coberta e o gol da direita:

Essa é a arquibancada do lado da entrada do estádio (que é de onde eu estou fotografando):

Veja como ela ficava em dia de jogos (pô, e o Fiori Gigliotti ali no meio!):

Ao fundo, a cidade de Itararé, uma das mais distantes da capital paulista, segue sua vida com sua própria cultura e … o seu amor ao time local e ao seu estádio do futebol com sua arquibancada que tanta história carregou com o time do CA Fronteira e também com o futebol amador local.

E se falamos do lado vermelho da cidade, agora é hora de falar do time azul, e que foi o responsável pela nossa visita: a Associação Atlética Itararé.

A AA Itararé foi fundada em 20 de outubro de 1950 a partir da fusão de dois tradicionais clubes da cidade: o Grêmio Esportivo Ford e o Esporte Clube Bandeirantes para fazer frente à soberania do Clube Atlético Fronteira.

Em 17 de junho de 1951, no Estádio Vergínio Holtz, aconteceu o primeiro dérbi da cidade colocando frente a frente o CA Fronteira e a AA Itararé. O resultado foi um 3×3 e os times foram a campo assim:
CAF: Celso, Moro e Zizico, Nho Tó, Carioca e Antranick, Otacilo, Ari Mariano, Goes, Cacique e Silvério.
AAI : Durval, Neri e Vander, Nagel, Portela e Zé Pinto, Nildo,Nivaldo,Bodinho, Jamil e Mário.

Em 1975, aconteceu o último Dérbi, dessa vez no Estádio Hugo Kennedy.

Nos anos 80, a AA Itararé fez história ao criar seu time feminino!

Em 1986 fez sua estreia no futebol profissional na Terceira Divisão do Campeonato Paulista, em uma campanha mediana.

O time disputa ainda a terceira divisão de 1987 e a quarta divisão (chamada de “terceira” naquele ano) de 1988, quando se licencia das competições oficiais e só reaparece em 1991 para a disputa do Torneio Seletivo para a Segunda Divisão (que equivalia ao terceiro nível do futebol paulista). A FPF reconhece esse torneio como o quarto nível do futebol de 1991, e foi vencido pelo time do José Bonifácio EC. A AA Itararé classificou-se em 2o lugar na primeira fase, mas não passou a segunda fase do torneio.

Entretanto a campanha permitiu à AA Itararé disputar a Segunda Divisão (que equivale ao terceiro nível do futebol paulista), de 1992 e 93 mas fez campanhas bastante irregulares, terminando nas últimas posições do seu grupo e mais uma vez se licenciando.

Dessa vez o retorno se deu apenas no ano 2000, na série B2 (que equivalia ao 5º nível do futebol paulista), em uma campanha bastante fraca com 14 derrotas.

Em 2001, acabou jogando a série B3 (o sexto nível do futebol paulista), e em 2002 terminou a primeira fase como vice líder.

Na sequência, pegou o Jabaquara de Santos e perdeu em casa por 3×2 e empatou 0x0 na baixada, dando adeus à chance de chegar na final.

Mas em 2003, a AA Itararé acaba subindo para a Série B2 (o quinto nível do futebol paulista) e fizesse uma campanha bacana, classificando para a segunda fase como líder do grupo, mas parando por aí.

Veio 2004, e enquanto o Santo André calava o Maracanã tornando-se campeão da Copa do Brasil, a AA Itararé também fez história chegando até a final da série B2, depois de 3 grupos difíceis.

A final foi contra o CA Taboão da Serra, e mesmo vencendo a primeira partida em casa (2×1), acabou derrotado em Taboão por 3×1 e acabou como vice campeão, com o time abaixo:

O resultado acabou levando o time à série A3, onde disputou os campeonatos de 2005 e 2006 até ser rebaixada e novamente se licenciar, desta vez por 10 anos, retornando apenas em 2017 na segunda divisão do campeonato paulista, com o time abaixo.

A AA Itararé disputou a série B até 2020, quando se licenciou novamente.

Esse é o time de 2018:

Em 2022, está estudando um possível retorno à série B do Campeonato Paulista.

A AA Itararé manda seus jogos no Estádio Vergínio Holtz, ou “Arena Sicredi“.

E lá estivemos para registrar mais um espaço mágico dedicado ao futebol.

O Estádio Vergínio Holtz foi inaugurado em 20 de outubro de 1950, e tem capacidade para cerca de 5.570 torcedores.

Vamos dar uma olhada na parte interna do Estádio e nas arquibancadas.

O meio campo, com a arquibancada ao fundo:

O gol do lado esquerdo, com um lance de arquibancadas atrás dele:

Arquibancadas cobertas pelas sombras das frondosas árvores que estão ali:

Gol do lado direito:

Uma olhada na arquibancada coberta:

O estádio tem uma série de cuidados, como as cabines de imprensa:

O estádio está repleto de distintivos da AA Itararé, o que o torna bastante “proprietário”.

Olhando do outro lado, ali estão os vestiários e bancos de reserva, no meio campo:

O gol do lado esquerdo lá do lado dos vestiários:

E o do lado direito, que possui um lance de arquibancada atrás do gol:

As arquibancadas do Estádio Vergínio Holtz tem uma série de espaços diferentes, com partes cobertas e descobertas:

Olha aí que belo visual…

Embora o estádio da AA Itararé esteja muito bem cuidado, a Federação exigiu algumas reformas para garantir a volta do time ao profissionalismo.

O bom e velho cimentão nas arquibancadas

Esperamos poder voltar aqui um dia para acompanhar um jogo inloco!

E assim como esse belo gavião, agradecemos por poder pousar e observar mais um estádio histórico!

Missão cumprida, hora de bater asas para um próximo rolê… Até lá!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

]]>

O futebol profissional em Araras – parte 1 de 2

Araras surgiu de um povoado formado por tropeiros na região do rio Mogi e do ribeirão das Araras. Os indígenas que ocupavam a região provavelmente foram mortos, escravizados e os sobreviventes acabaram fugindo para o interior.
Em 1862, foi construída a capela de Nossa Senhora do Patrocínio das Araras, surgindo novas casas ao seu redor.

Em 1879, a vila foi elevada à cidade e se desenvolveu graças à lavoura de café, inicialmente com trabalho escravo e num segundo momento com a atuação dos imigrantes. Em 1877, a cidade viu a chegada da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, e quase 100 anos depois, a FEPASA. Foto do site Estações Ferroviárias:

O passar do tempo trouxe diversificação da produção agrícola, principalmente com a cana de açúcar, o crescimento do comércio e, já no século XX, a indústria. E todos esses passos se refletiram no futebol local…

Falar do futebol de Araras é sempre um prazer, já que várias vezes acompanhamos partidas do União São João (já escrevemos sobre a camisa do time, clique aqui e leia!). Também acompanhamos o Santo André jogando no Estádio Doutor Hermínio Ometto como mandante a Série C de 2012 (veja aqui o jogo contra o Vila Nova-GO e aqui contra o Oeste, na época, de Itápolis)

Dessa vez, nosso retorno à cidade se deu para registrar os outros estádios e assim falar um pouco da história do futebol profissional de Araras, mas como não conseguimos entrar em todos os estádios planejados, esse texto será dividido em dois posts. Neste primeiro, falaremos sobre dois estádios onde jogaram a Sociedade Esportiva Recreativa Usina São João, o próprio União São João e a Associação Atlética Ararense.

No post #2, vamos falar do Estádio Joel Fachini, onde os outros 3 times da cidade (o CA Atlético, o Comercial FC e o Araras CD) mandaram seus jogos nas disputas de Campeonatos profissionais. Veja aqui o post #2!

Comecemos então falando sobre o nosso rolê pelo time mais antigo de Araras, a Associação Atlética Ararense!

A Associação Atlética Ararense foi fundada em 16 de setembro de 1926 por trabalhadores da indústria de Araras. São 95 anos de história…

Devido à sua origem, o time foi fundado como Operário Futebol Clube. Os distintivos abaixo vieram do site “Escudos Gino“, o segundo foi adotado a partir de 1942:

O time mandava seus jogos em um campo cedido pelo dono da Fazenda São Joaquim onde mais tarde foi erguido o Estádio São Joaquim e a sede social do clube.

Após uma primeira fase de disputas regionais, em 1931, o Operário FC filia-se à APEA e passa a disputar o Campeonato do Interior, naquele ano cai no grupo da 5a região contra o Rio Claro, o Velo Clube, e a Inter de Limeira. Esse é o time de 1932, as fotos abaixo são do site UniãoMania:

Aqui, o time de 1942, nessa época havia forte rivalidade com outro time de Araras, o Comercial:

Em 1943, por pressão do governo e da sociedade em geral, o nome Operário foi mudado por ser muito “comunista”. Assim surge a “Associação Atlética Ararense“, que de alvinegra passou a ser grená.

O Operário FC despede-se da história conquistando o título da 16ª Região do Campeonato do Interior, em um grupo que contava com CA Pirassununguense, Independente FC de Pirassununga, Comercial FC (também de Araras), DER Descalvadense, EC Lemense, Inter de Limeira, Porto Ferreira FC e a AA Santa-Ritense. A final da região em 15 de agosto foi Operário 4×0 Porto Ferreira, mas o time de Araras iria cair no mata-mata após um empate em 0x0 em casa e uma derrota de 5×0 fora de casa para o Riopardense.

Em 1945, mais um time de Araras disputou o Campeonato do Interior: o CA Santa Cruz, conhecido como o “Búfalo da Zona Rural” e mandava seus jogos no Estádio Fábio da Silva Prado. O distintivo abaixo veio do site História do Futebol.

O grande ano veio em 1946, quando a AA Ararense conquistou o título de Campeão Amador da 4ª Zona da 7ª Região do Estado contra o Comercial de Araras, o Grã Clube e a Inter, ambos de Limeira, o CA Pirassununguense e o Porto Ferreira. Esse foi o time campeão:

Em 1948, venceu a Sub-zona B do 9º Setor do Campeonato Amador do Estado, com o time abaixo:

Em 1949 participa pela primeira vez do Campeonato Paulista da Segunda Divisão de profissionais (naquele ano só haviam 2 divisões no futebol paulista), ficando em penúltimo lugar no seu grupo.

Em 1950, além da melhor participação na segunda divisão, em 7 de maio, o time do Palmeiras foi para Araras para um amistoso vencido pelo time da capital por 2×0.

O time de 1950:

Depois da boa campanha no Campeonato Paulista de 1950, vem sua última participação no profissionalismo, ficando em último lugar no grupo “Zona Leste”.

Em 1958, sagrou-se campeão do Torneio Mendonça Falcão:

A final foi contra o Cosmopolitano FC:

A AA Ararense ainda ficou 10 anos em disputas amadoras, e em 1961 conquistou o Torneio Castilho Cabral, seu último título. A partir daí, o clube passou a se dedicar à sua sede social no local onde ficava o Estádio São Joaquim.

De volta aos dias atuais, vamos dar uma olhada em como está o campo atualmente? Ele fica dentro da linda sede social do clube:

Um olhar no meio campo por onde tantas histórias já passaram:

O gol da direita:

O gol da esquerda:

Mais um momento de felicidade por estar ali, num lugar histórico e tão importante para a cidade de Araras…

Os quase 100 anos que separam a estreia do estádio e o clube atualmente mudou muito o visual do local, mas a energia ainda está lá!

O gramado segue no mesmo lugar, e talvez algumas daquelas árvores frondosas ao fundo do gol tenham vivenciado aqueles dias…

A nós, cabe sonhar com um futuro impossível, que seria ver a nas disputas profissionais de novo…

O segundo estádio desse post é ainda mais emocionante e fica dentro da Usina São João!

Mais do que um estádio, estamos falando de um verdadeiro modo de vida alternativo ao que estamos acostumados hoje, com seus pontos positivos e negativos. A Usina São João foi fundada em 1944 e desde cedo reuniu seus trabalhadores ao redor da unidade fabril, a tradicional “colônia”.

A história da Usina está ligada à da família italiana Ometto (essa da foto abaixo). Em 1887, chegam ao Brasil Antônio e Caterina Ometto e logo passaram a cultivar cana-de-açúcar. Em 1944, seu filho, José Ometto comprou a Fazenda São João iniciando o que viria a ser o atual Grupo USJ, comandado atualmente pela quarta geração de José Ometto.

Infelizmente, li no site Cana Online que a usina possui uma dívida de R$2 bilhões, e apresentou um pedido de recuperação judicial, o que provavelmente facilitará sua venda para a Raízen, a gigante do setor que tem adquirido todas as antigas usinas do estado de São Paulo…

Em 1953, mais especificamente em 8 de janeiro, seguindo o modelo de outras usinas e empresas, a Usina São João decide fundar o seu time de futebol, a Sociedade Esportiva Recreativa Usina São João, tendo como cores o verde da cana, e o branco do açúcar (ou… porque os donos do time eram palmeirenses roxos!).

Foram 8 anos disputando as competições amadoras, e o título do Campeonato Amador do Estado de 1960 em cima da AA Matarazzo da capital acabou animando Hermínio Ometto para um passo mais ousado: o futebol profissional!

Assim, em 1961, a Usina São João passa a disputar a 3ª Divisão do Campeonato Paulista, e logo em sua estreia faz uma incrível campanha terminando a 1a fase (a série Açucareira) em segundo lugar…

Na segunda fase, a Série Dr Waldemar Alves da Costa, só tinha time cascudo e mesmo assim, o time da Usina terminou como líder, chegando a final do campeonato…

O outro finalista era o time da Estrada de Ferro Sorocabana FC, de Sorocaba mesmo…

O campeonato daquele ano não considerava o saldo de gols, então mesmo após uma goleada, o Usina São João ainda forçou um terceiro jogo ao vencer a segunda partida. Mas, infelizmente perdeu a 3a partida e o título e o acesso ficaram com o Estrada…

Esse foi o time de 1961:

Em 1962, novamente uma ótima campanha na primeira fase, a Série João Havelange:

Mas desta vez, o time parou na segunda fase, não chegando às finais.

Chega 1963 e o time da Usina São João mostra que veio para se tornar uma nova força no futebol estadual. Mais uma vez, termina a primeira fase (a 4ª série) em primeiro lugar.

Lidera também a segunda fase, a série João Mendonça Falcão:

Mas, para a tristeza geral de Araras, o time perde o acesso por um miserável ponto…

Em 1964, o time tenta mais uma vez o acesso, mas não se classifica sequer para a segunda fase.

Vendo que o acesso não chegava, Hermínio Ometto propôe a fusão dos times da cidade, juntando a estrutura da Usina e as torcidas de Ararense e Comercial, mas o projeto não decolou e decidiram acabar com o time da Usina… Somente em 1981, em 14 de janeiro, é que surgiria finalmente o time que uniu a cidade: o União São João EC.

O União São João debuta na 3ª divisão, mas não consegue chegar à fase final do campeonato, mesmo com uma boa campanha no turno e returno…

A relação com a Federação é tão boa que o União é convidado a jogar a 2ª divisão de 1982, onde permaneceu com bons resultados até 1987, quando uma campanha maravilhosa (já sem a presença de Hermínio Ometto,que falecera em 1986), leva o time à primeira divisão.

O União São João liderou todas as fases…

Chegando à final contra o São José e vencendo os dois jogos.

O primeiro jogo da final, em Araras, ocorre no emblemático Estádio Engenho Grande, o campo da Usina

Confira o vídeo do jogo, onde mais de 4 mil pessoas estiveram presentes:

Fomos até lá registrar o Estádio Engenho Grande! Essa era a entrada e nesse muro a direita ficava o famoso cinema da usina.

Aqui, a parte do fundo do estádio:

Veja como foi noticiado sua construção em 1958:

Segure a emoção e venha comigo conhecer o Estádio Engenho Grande!

Na minha opinião, o grande charme do Estádio Engenho Grande é sua arquibancada coberta, uma verdadeira obra de arte!

Tem a áurea de um passado que muitos não queriam que tivesse ido embora…. É um sentimento mágico mesmo.

Faço questão de registrar esse momento para a minha memória futura também! Penso que se a Raízen acabar adquirindo a Usina, talvez nunca mais eu consiga entrar aí…

O campo também está muito bem cuidado! Durante a visita, estava sendo pintado novamente.

Aí estão os bancos de reserva, humildes, gastos pelo tempo, mas cheios de história e recordações.

Aqui, a visão de quem olha de cima da arquibancada coberta, ali ao fundo são escritórios da usina:

Do lado direito o galpão de estocagem de cana e parte da usina.

Essa é a visão de cima da arquibancada que fica atrás do gol. Olha que incrível… Tem uma quadra esportiva entre a bancada e o campo!

E o lance de arquibancada praticamente cerca todo o campo.

Aqui, olhando pela arquibancada descoberta, vê-se o gol da esquerda:

O da direita:

E o meio campo:

Mas, como tudo muda, em 1988, o União São João inaugura seu estádio, com nome em homenagem a Hermínio Ometto e o time obtém uma série de conquistas incríveis: a Série C do Brasileiro, o acesso à série A, a revelação do lateral Roberto Carlos (foto abaixo do site O Curioso do Futebol), a transformação em clube-empresa, entre outras.

Como tudo que sobe, desce… O União São João de Araras vive um período de quedas e problemas econômicos que leva o clube a se licenciar do futebol profissional. Em 2021, o time voltou a aparecer no cenário esportivo com participação no sub 15 e sub 17, quem sabe seja uma esperança para o torcedor…

Se você quiser saber mais sobre o União São João de Araras, clique aqui e conheça o incrível site do União Mania, obra do Marcelo Valem.

Fica a foto do time campeão em 87 para quem sabe inspirar novos vôos…

E por falar em novos vôos, alguns meses depois desse rolê estivemos aí com o amigo Joey, acompanhando o União São João, confira aqui como foi!

Ah, e um pequeno registro do “vilão” do nosso rolê, o Estádio Joel Fachini que manteve-se “impenetrável” em nossa visita e por isso, vai fazer a gente voltar à Araras para mais uma tentativa!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

]]>

Novo rolê por Americana – parte 2 de 2

Bom, essa é a parte 2 desse post que acabou ficando gigante graças a tanta história que Americana tem no futebol. Se você ainda não leu a parte um, que fala sobre a história dos times que defenderam a cidade, é só clicar aqui.

Esse post é dedicado ao registro atual dos clubes e estádios que receberam partidas profissionais e agradeço o amigo Gabriel Pitor Oliveira.

O Gabriel é autor do genial site do Vasquinho (clique aqui e conheça o lindo trabalho dele!), por toda a ajuda, dicas e respostas. O cara sabe tudo sobre o futebol de Americana.

Então, comecemos nosso rolê batendo na porta do pessoal do Flamengo Futebol Clube!

O time que disputou 2 edições da terceira divisão, chegou a construir um estádio em sua sede pensando em atender as exigências da Federação Paulista, mas infelizmente o estádio foi inaugurado quando o clube já havia desistido do profissionalismo.

Entretanto, os sócios ganharam um estádio lindo e que foi dividido em 4 campos de futebol, com iluminação e uma arquibancada capaz de abrigar 5 mil torcedores!

A arquibancada de cimento tem 20 degraus e acompanha toda a lateral dos campos.

Acho que aqui dá pra ver os dois campos lado-a-lado (e são mais dois à esquerda destes).

Aqui, o outro lado:

São 4 campos com um gramado impecável. E pensar que essa área era um brejo em Americana… Imagina o trabalho que tiveram para conseguir transformar em um gramado tão retinho…

E claro, não pode faltar o distintivo do clube estampado lá em cima na arquibancada!

Olhando da arquibancada, esse é o gol (ou no caso, os gols) do lado esquerdo:

Esse os do lado direito:

E aqui…. seria o meio campo do campo original…

Do lado oposto à arquibancada ainda existe um lance único de arquibancada

O canal Rio Branco, embaixador de Americana trouxe essa preciosa foto do estádio original:

Screenshot

Como mostramos no post anterior, fui presenteado com um livro incrível que conta a história do Flamengo FC.

E no livro, muitas vezes falou-se do tal “Bar do Flamengo” e consegui dar um pulo até lá para conhecer o lugar.

Infelizmente o bar estava fechado.

Embora o estádio dentro do clube seja lindo, não foi lá que o Flamengo mandou seus jogos pelo Paulista da Terceira divisão de 67 e 68, e fomos até o Estádio Victório Scuro em busca de respostas. Estivemos lá há algum tempo (veja aqui como foi), mas é sempre bom rever as arquibancadas de um estádio clássico como o Victório Scuro, também conhecido como “Caldeirão do Dragão” ou “Vovô”.

O Victório Scuro foi a casa do EC Vasco da Gama em suas competições profissionais e amadoras. Mas vale lembrar que o Vaquinho chegou a ter um outro campo lá na Vila Galo, onde hoje é a Rua Dom Pedro II

O Estádio Victório Scuro foi construído em um terreno cedido pela prefeitura em 1959, por um comodato de 10 anos.
O responsável pela construção do estádio foi Ítalo Scuro (o nome do estádio homenageia seu pai), dono de uma indústria têxtil e a inauguração ocorreu em abril de 1960 como celebração do aniversário de 10 anos do time.
Na partida preliminar, o CRS Carioba venceu o Recreativo Sumaré por 3×2, mas a partida que fez a alegria da torcida local foi EC Vasco 3×0 XV da Lapa (SP).
O Vasco mandou seus jogo aí até 1977, quando o Americana EC (antigo Vasco) acabou trocando o Victório Scuro pelo atual Estádio Décio Vitta.

O Victório Scuro ainda seria utilizado pelo Sete de Setembro, mas vale lembrar que em 1984, o próprio Rio Branco chegou a mandar jogos ali.

Atualmente o Estádio Victório Scuro é a sede de um projeto focado em crianças e adolescentes, gerido pelo Colorado, um tradicional time de futebol amador da cidade que parecia caminhar para o seu fim, mas que ganhou nova vida com essa molecada!

Quem coordena o projeto atualmente é Rogério Panhoça junto do “Zé Pulga”, uma figura super tradicional no futebol da região.

Aliás, foi ele quem resolveu a charada de onde o Flamengo mandou seus jogos na Terceira Divisão de 1968 e 69. Aliás, ele contou mais um monte de histórias, confere aí:

O papo foi ótimo, mas a missão em Americana ainda não tinha acabado. Era necessário registrar a Praça de Esportes Milton Fenley Azenha, também chamado de “Centro Cívico”.

O complexo é formado por uma série de equipamentos esportivos, e o Estádio de futebol recebeu diversos jogos das categorias de base do Rio Branco .

E no ia da nossa visita, conseguimos pegar as oitavas de final da Copa Inter de futebol amador de Americana.

Ainda que as nuvens estivessem no céu, estava quase 40 graus de calor em campo…

Em campo jogavam o Malucos da Praia e o Descubra (se me informaram correto, o placar final foi Descubra 4 x 0 M.D.P.).

Poucas pessoas acompanhavam a partida nas arquibancadas do Centro Cívico.

Mas olha que bela imagem do meio campo:

O gol da esquerda:

O gol da direita:

Vale até ver um gol:

Já cansou? Porque ainda faltam 2 estádios para fechar nossa missão. Um deles é o Estádio Eugenio Cia (ok, ok, a “praça de esportes” Eugenio Cia), inaugurado em 1979 e que fica localizado na Avenida Bandeirantes, 4100, na Vila Cordenonsi.

O Campo Municipal Eugênio Cia nasceu de uma escola de samba, a Sociedade Recreativa Folclórica Esportiva Unidos da Cordenonsi, cujos integrantes aproveitaram o antigo Ninho do Gavião, campo do Sete de Setembro e fizeram uma nova praça de futebol em mutirão.

Vamos conhecê-lo?

As bilheterias ainda estão por ali…

O campo fica numa região bastante arborizada, e muito bonita.

Estava rolando mais uma partida pelas oitavas de final da Copa Inter de futebol amador da cidade, e dessa vez, duas equipes tradicionais lotaram o Eugenio Cia: Cantareira x Cidade Jardim.

Tinha gente torcendo por todos os lados do campo…

Aliás, essa linda arquibancada veio do campo do SCR Carioba que havia sido desativada e foi desmontada e remontada degrau a degrau no campo da Cordenonsi.

Olha o detalhe de como são os degraus:

O gramado muito bem cuidado permitiu uma boa partida!

E a arquibancada coberta foi providencial pra dar uma fugida do sol e do calor.

Daqui aproveito pra registrar o gol esquerdo:

O meio campo:

E o gol da direita:

E dentro de campo, a bola seguia num jogo bem disputado, mas que parecia se resolver para o time do Cidade Jardim, que ia vencendo por 2×0.

Mais uma vez é muito bacana poder estar presente pra registrar não só o campo, mas a força do futebol amador, dessa vez, em Americana!

O banco preocupado porque o time do Cantareira fez seu gol. 2×1.

Olha que visual incrível. Espero que em 2047 alguém olhe essa foto e diga “olha como o mundo era louco naquele longínquo 2021″…

O jogo seguia para o fim, e as próximas duas equipes estavam prontas para entrar em campo (aliás, o jogo seguinte foi uma goleada do time que seria o campeão da Copa, o São Jerônimo/Bruxela por 9×0 contra Jardim América II

Fim de jogo, 3×1 para a festa do time do Cidade Jardim!

Hora de seguir para a última parte desse rolê pelos campos de Americana, o Estádio Parque Dona Albertina , o campo do Carioba!

Segundo os conselhos do amigo Gabriel, acessar o ainda existente campo do Carioba não seria missão fácil por estar dentro do terreno do DAE (Departamento de Águas e Esgotos de Americana), já no fim da vila Carioba. Mas, lá fomos nós na esperança de acessar o campo!

O rolê pela Vila Carioba é uma volta ao passado, com certa dor no coração pelas imagens do presente. Embora a natureza ainda seja exuberante, o que se vê das antigas indústrias têxteis e da arquitetura da época, mostra que em algum momento as coisas deram errado.

A indústria têxtil acabou prejudicando demais a vila… Em vários documentários (veja esse, ou este por exemplo) que contam sobre a vida na vila no início do século XX mostram que havia toda uma vida em colônia em torno das fábricas que sofreu com isso.

Mas o visual vale o rolê…

E ali ao fundo, após cruzar o rio (é o rio Piracicaba!! Ainda menorzinho…) chegamos ao antigo campo do SCR Carioba!

Logo em seguida, o rio se junta a outro afluente e recebe maior vazão de águas.

Na verdade, atualmente não se chega ao antigo Estádio Parque Dona Albertina mas sim ao DAE-Americana.

Realmente a entrada no campo não foi tarefa fácil. Foram necessárias diversas ligações do responsável pela segurança até obter uma autorização para nossa entrada (rápida) para realização do registro desse campo tão histórico! Pena que o antigo pórtico já não existe mais…

Então liguemos a nossa máquina do tempo para mais este registro incrível da história do fuebol de Americana…

Ainda há um lindo bosque acompanhando a lateral do campo, que já não tem mais um gramado impecável…

Ali, no gol dos “fundos” (já que entramos pelo lado do outro gol), existe uma construção que parece ser uma caixa d’água.

Ainda resiste um alambrado separando o espaço do campo do resto do terreno.

Ao lado do campo, uma área onde possivelmente ficava a antiga arquibancada de madeira.

Aqui, a alegria dos atletas… o equipamento que permite a alegria maior do esporte, o gol!

Encontrei essa estrutura em um dos vitrais da construção ao lado do campo. Tentei enxergar um possível distintivo desenhado ali ao meio, mas não se parece em nada com o distintivo conhecido do SCR Carioba.

Incrível como a combinação natureza + futebol parece combinar tão bem…

Quantas partidas, quantas histórias, quantas pessoas terão passado por aqui e marcado em sua memória a lembrança deste campo…

Com a sombra em meu rosto, um sentimento de orgulho e missão cumprida, ao mesmo tempo em que tantas lacunas, saudades e até um pouquinho de tristeza se misturam ao comparar o passado e o presente, pensando no futuro de campos como esse do Carioba, vendo a velocidade com que o progresso atropela toda a nossa história…

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

Novo rolê por Americana – parte 1 de 2

ATENÇÃO! Dividimos esse post em 2 partes: uma teórica sobre a história dos times (este post) e outra prática sobre os estádios utilizados por estes times (clique aqui e veja cada fotona!!).

Já estivemos muitas vezes por Americana, a maior parte delas para ver o time do Rio Branco (veja aqui, o título de 2012 ou clique aqui e leia sobre um jogo decisivo pela Bezinha de 2019) mas também já viemos para conhecer o Estádio Victório Scuro (clique aqui e veja como foi).

E você pode perguntar… “Mas por quê tantas visitas???” É que o futebol profissional (e o amador também) é riquíssimo!!! Foram 7 times disputando os campeonatos das Federações (nesse caso é no plural porque o CA Paulistano disputou o campeonato da LAF, e os demais da FPF):

E isso porque eu não incluí na lista nem o Guaratinguetá, que em 2010 mudou de nome para Americana Futebol e disputou a série A1 de 2011 na cidade e nem o SC Atibaia que adotou a cidade como sede até 2021, quando mudou de sede e nome para Leme.

Diferente da maioria das cidades que visitamos, Americana não nasceu só da tradicional mistura dos moradores originais – os indígenas – com os europeus e africanos. Quer dizer, até rolou isso lá no século XVIII, com a ocupação das sesmarias doadas por Portugal, mas teve um outro capítulo no mínimo polêmico e que tem a ver com o nome da cidade: a imigração dos confederados, o povo que vivia no sul dos EUA, conhecidos por serem escravocratas a ponto de entrarem em guerra (a guerra civil americana) para defender a manutenção da escravidão. Por isso o nome do povoado se tornou “Villa dos americanos” e depois “Villa Americana”. Um triste começo para uma cidade que hoje é bastante acolhedora!
Vale ler a matéria: da Hypeness (clique aqui) sobre como a cidade vizinha – Santa Bárbara do Oeste – ainda não conseguiu se livrar desta história.

Outro fato fundamental para o surgimento da cidade foi a chegada da ferrovia em 1875 (foto do site Estações de Trem):

Graças à ferrovia, chegaram outras famílias para viver onde antes só haviam sitiantes americanos. Assim, aos poucos a região foi crescendo e chegaram as fábricas, principalmente ligadas aos tecidos.
Em torno delas surgiu uma outra Vila que leva o nome de uma das fábricas: a Villa operária de Carioba! (fotos do site da Associação dos Permissionários de Carioba)

Com o desenvolvimento, a Villa Americana passou a lutar pela emancipação e em 1924 foi criado o Município de Villa Americana (que reunia as vilas Americana e a Carioba). Em 1938, muda seu nome para apenas “Americana“.
Com tantas indústrias têxteis fica conhecida como a capital do tecido. Mas a crise do setor têxtil quebrou boa parte das indústrias locais, obrigando a cidade a diversificar sua economia para sobreviver até os dias atuais. (Foto do Blog do Chico Sardelli).

Enfim… esse é um super hiper resumo só pra contextualizar a cidade representada pelos 7 clubes apresentados acima. Vamos tentar falar deles em ordem cronológica, começando pelo time mais antigo e mais tradicional, o Rio Branco Esporte Clube.

O Rio Branco foi fundado em 4 de Agosto de 1913, sob o nome Sport Club Arromba. Em 1917, passou a levar o nome da cidade (na época “Villa Americana Foot Ball Club“), mas ainda no mesmo ano, definiu-se, o nome de Rio Branco Football Club.

Dizem que o Rio Branco foi o primeiro time a adotar um tigre como mascote!

Dentre suas conquistas iniciais, destacam-se os dois títulos do Campeonato do Interior em 1922 (Sanjoanense foi a vice) e 1923 ( Sorocabano foi o vice). Naquele tempo, o campeão do interior disputava a “Taça Competência” com o campeão da 1a divisão e assim tivemos um Corinthians 5×0, em 3/5/1923 e Corinthians 2×1 em 30/3/1924. Esse foi o time bicampeão:

No Campeonato do Interior de 1925, em 28 de junho tivemos o primeiro derbi oficial de Americana: Rio Branco 1×0 CRS Carioba, no 1o turno (no 2o turno nova vitória do Rio Branco: 1×0, jogando no campo do Carioba).

O Clube Recreativo e Sportivo Carioba foi fundado lá na fábrica que falamos no início do post, em 9 de julho de 1914, mas somente em 1925 estreou no Campeonato do Interior fazendo uma campanha interessante (o Rio Branco se classificou pra fase final e terminou em 4o lugar, o campeão foi o Velo Clube).

No Campeonato do Interior, em 1926, houve uma debandada dos times de Americana para a LAF (Liga dos Amadores de Futebol) e naquele mesmo ano o Carioba disputa a eliminatória para a primeira divisão da LAF e também o Campeonato do Interior da LAF.
Olha aí algumas fotos de times do Carioba do início do século XX:

O CRS Carioba disputaria várias edições do Campeonato do Interior, mas anos mais tarde arriscou um passo ainda mais ousado disputando o Campeonato Paulista da Terceira Divisão (o quarto nível do campeonato) de 1968, surpreendendo a todos com uma incrível campanha na primeira fase, pela 2a série!

Pena que na fase final, o Carioba não conseguiu repetir o bom desempenho…

Em 1969, infelizmente vários problemas atrapalharam o time que acabou desistindo do Campeonato ainda no primeiro turno:

Mas, voltemos a 1926 para registrar uma surpresa que alegrou ainda mais Americana, a cidade tinha um novo time participando do Campeonato do Interior da LAF, o Clube Atlético Paulistano!

O CA Paulistano foi fundado em 1925, teve essa única aventura no Campeonato Interior e depois sumiu, deixando o futebol na cidade com a dupla Carioba e Rio Branco. O Tigre chegou a disputar a segunda divisão de 1947 a 1949, quando decide abandonar o futebol profissional. Essa foi a classificação de 1949, quando ele terminou em 5o:

Já disputando apenas o amador, em 1961, o Rio Branco assume o nome que defende até hoje em dia: Rio Branco Esporte Clube.

Mas sua ausência no profissional, faz com que um outro time da cidade assuma o protagonismo: o Esporte Clube Vasco da Gama!

O EC Vasco da Gama, também conhecido como Vasquinho, foi fundado em 24 de abril de 1950 e se você quiser conhecer mais sobre o time, vale a pena conhecer o blog “O Vasquinho de Americana“, do Gabriel Pitor, de onde veio essa foto do time dos fundadores:

Em 1966, o Vasquinho decidiu se profissionalizar e disputar a Terceira Divisão (o quarto nível) do Campeonato Paulista. (foto do blog O Vasquinho de Americana).

Em 1968, o Vasquinho “ganhou um acesso” e disputou a chamada “Segunda Divisão” (que equivalia à Terceira Divisão) e começou bem, classificando-se em segundo na primeira fase:

Na segunda fase, terminou empatado com o Oeste, obrigando a realizarem um jogo desempate para ver quem iria à final. E após um 3×3 no tempo normal, o Vasco conseguiu segurar a prorrogação e o empate lhe deu a classificação.

Na final, em jogo único em Bauru, o Vasco venceu o Municipal de Paraguaçu Paulista por 2×0 e conseguiu o título e mais um acesso, jogando assim o segundo nível do Campeonato Paulista de 1969. Se você quiser ler mais sobre a história do título, leia aqui no incrível site feito pelo Gabriel Pitor!

Mas precisamos abrir mais um capítulo nessa história. É que no Campeonato da Terceira Divisão de 1967 (4º nível do futebol paulista), ocorreu um dos mais impensáveis dérbi do futebol paulista graças a uma nova equipe que passou a disputar o profissional:

Isso porque em 1943 surge um novo time na cidade: o Flamengo Futebol Clube mais conhecido como Flamengo de Americana (muitos consideram a sua data de fundação o dia 5 de janeiro de 1958, mas segundo o livro Flamengo Futebol Clube, de Santo Dean, o ano é mesmo 1943).

O time disputou muitas competições amadoras, entre elas o Campeonato Municipal e com os bons resultados decidiu arriscar-se no profissional, assim, em 1967 tivemos um “dérbi carioca” em Americana: Flamengo x Vasco! Assim terminou aquele campeonato:

Como o futebol profissional, já era caro mesmo naquela época, eles não conseguiram se manter e voltaram para o profissional ao fim de 1968, quando disputaram novamente a Terceira Divisão. E fizeram uma baita campanha, disputando um outro derbi pela cidade, dessa vez com o time que ficou com a vaga para a próxima fase: o CRS Carioba!

Fechemos este capítulo, e voltemos a falar do Vasco. Depois de conquistar a Segunda Divisão (o terceiro nível do futebol paulista) o time jogou a Primeira Divisão (que equivalia ao segundo nível) em 1969, 70 e 71, sem grandes campanhas, mas em 1972 o time chegou à segunda fase, como vice líder da Série Belford Duarte.

Mas faltou um pouquinho para chegar à final…

Em 1973, 74 e 75 novamente campanhas medianas. O time precisava de mais apoio e uma das ideias foi mudar o nome do time para Americana Esporte Clube.

Mas em campo essa mudança não gerou grandes novidades: as campanhas de 1976, 77 e 78 seguiram abaixo da média. Pra piorar, o Estádio Victório Scuro não atendia às demandas da Federação Paulista e assim, o Vasco vê como caminho, unir-se com o Rio Branco, e assim, o Tigre volta ao Campeonato Paulista profissional em 1979 e já no primeiro ano da fusão, classifica-se para a segunda fase, mas sem chegar a final.

Aproveitamos para abrir o nosso último capítulo e falar sobre o chamado Campeonato Paulista da Segunda Divisão Profissional de 1977 (esse era o nome do quarto nível do futebol paulista), que viu um novo clube de Americana adentrar ao profissionalismo: o Sete de Setembro Futebol Clube.

O Sete de Setembro Futebol Clube foi fundado em 1959. E depois de muitos anos no amador, estreou no profissional de 77 em uma campanha bem frágil, não passando da primeira fase:

Em 1978, mais uma campanha fraca, terminando na última colocação do seu grupo…

Em 1979, um pacto entre os atletas para um ano melhor, para resultados incríveis, vitórias conquistadas nem que fossem na raça e… Não deu… Mais uma vez terminou como último colocado do grupo não avançando para a próxima fase.

Mas, a recompensa por tanta persistência deu resultados… Em 1980, a Federação Paulista reduziu as então 5 divisões par apenas 3, e assim o Sete de Setembro subiu uma divisão passando a disputar a Terceira Divisão (que finalmente equivalia ao terceiro nível do futebol paulista). E não é que o time foi bem melhor? Confira a classificação:

O Sete de Setembro FC persistiu na Terceirona até 1982, quando não conseguiu dar sequência ao seu projeto no profissionalismo e abandonou o campeonato para a tristeza do seu torcedor. Assim, coube ao Rio Branco, se consolidar como o grande representante da cidade no futebol paulista, passando a disputar a divisão de acesso entre 1979 e 1990, quando termina como vice campeão da “divisão de acesso” (segundo nível do futebol paulista daquele ano).

Assim, em 1991 o Rio Branco leva Americana ao mais alto patamar do futebol paulista: a primeira divisão. Essa e várias fotos da história do time podem ser vistas no site oficial do Rio Branco.

Assim, o Rio Branco se classificou para a segunda fase, como líder do grupo.

Na segunda fase, mais uma vez uma campanha que garantiu a liderança do time, mesmo sofrendo 3 derrotas nos últimos 4 jogos.

A fase final foi um “hexagonal da morte” e embora o Rio Branco não tenha levado o título por um pontinho… Pelo menos conquistou o acesso!

Aí está o time que conquistou esse tão importante e inesquecível acesso!

E o Rio Branco parece ter gostado de estar entre os grandes, pois ficou na serie A1 até 2007, quando acabou rebaixado de volta para a A2.

E a partir daí começa uma terrível gangorra pro time de Americana: em 2009 o vice campeonato da A2, traz o retorno para a A1.
Em 2010, é rebaixado para a A2. Em 2011, pela primeira vez na história cai para a A3.
Em 2012, sagra-se campeão da A3 (lembra que a gente foi lá ver?) e volta para a A2. Em 2016 nova queda para a A3, até chegarmos ao momento mais baixo da história do futebol em Americana: em 2018, quando o Rio Branco acabou rebaixado da A3 para a série B, o quarto nível do futebol paulista, onde permanece até pelo menos 2022.

Um momento difícil para um futebol tão rico, com tanta história. Que o futuro seja generoso com o Rio Branco. E aqui terminamos essa primeira parte “teórica” sobre o futebol de Americana!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O futebol profissional em Embu das Artes

Hey, pare!!! Pare o que estiver fazendo e agende já um role para Embu das Artes!!

Se você mora na Grande São Paulo e nunca fez um bate e volta pra Embu das Artes, não sabe o que está perdendo… E se você não mora na Grande SP, procure um hotel e agende já um rolê num final de semana, porque vale a pena!

A partir do século XVII, os indígenas começaram a ver surgir sítios com plantações de mandioca, legumes e algodão. Os jesuítas acabaram ocupando a região a partir de 1624, graças a doação de terras feitas por Fernão Dias Paes (tio do bandeirante Fernão Dias) e foram eles que denominaram a missão jesuítica de Mboi (onde hoje é a sede do município).

Embu, fica a meia hora da capital, colada na Rodovia Régis Bittencourt (aquela que vai pro Sul do país) e é onde vivem cerca de 273 mil pessoas. O termo “Embu” vem do Tupi Guarani (a região era habitada por tupiniquins e guaranis) e pode ter duas possíveis traduções: “Mboi“, que é o termo utilizado para determinar as “cobras”, mas pode vir também de Mboí’y, que significaria “rio das cobras”. Aliás, existe um museu do índio (clique aqui para saber mais) na cidade:

Já no fim do século XVII, iniciam a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

Com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, os indígenas voltam a se aproximar e até se misturaram com o pessoal do povoado. Anos depois, surgem olarias que fornecem tijolos para a cidade de São Paulo. Em 1938, o distrito de M’Boi teve sua denominação alterada para “Embu“, e em 1959, o povoado virou município, tornando-se um pólo artístico tão importante que em 2011, mudou seu nome para Embu das Artes. Por isso você precisa conhecer a cidade e sua Feira de artesanato (Clique aqui e veja o site!).

Mas, a arte que nos levou à Embu das artes é aquela realizada entre quatro linhas, mais especificamente no Estádio Municipal Hermínio Espósito!

O Estádio Municipal Hermínio Espósito foi a casa do Clube Desportivo Embu, em sua aventura pelo futebol profissional, em 1986.

O Clube Desportivo Embu disputou a 3a divisão de 1986, com uma campanha até que interessante:

Por fim, uma honrosa 6a colocação:

Então, vamos dar um rolê pelo Estádio Municipal Hermínio Espósito que viu toda essa história e muito mais!

Se tem uma coisa que caracteriza o Estádio Municipal Hermínio Espósito são suas cores! Olha que linda arquibancada…

De pé, lá no meio da arquibancada, você pode ver o meio campo:

O gol da direita:

E aqui, o da esquerda:

Uma chegada mais perto pra ver o banco de reservas:

Vamos dar um rolê e além de ver o gol de perto, vamos dar uma olhada do lado oposto…

Aqui o meio campo, com a arquibancada colorida de fundo, onde podem se abrigar mais de 5 mil torcedores!

O gol, agora da esquerda:

E o da direita:

Perceba que a arquibancada vai até a parte de traz do gol:

E essas cores tantas acabaram ganhando um novo time…

Desta vez, falamos da Associação Desportiva Embu das Artes! Conheça mais na fanpage oficial delas!

O time foi fundado em fevereiro de 2011 em parceria com a Secretaria de Esportes de Embu das Artes, e a ideia é fomentar o desenvolvimento do futebol feminino, e pelo visto…. Tem dado certo!

Em 2017 estreia no Campeonato Paulista, no grupo 2, ao lado de grandes times!

O time disputou ainda a edição de 2018:

Nesse ano, o time ainda disputou a série A2 do Campeonato Brasileiro:

Parabéns e sigam em frente!!!

Muito orgulho de passar por aqui e ver que as meninas estão mantendo viva a chama do futebol em Embu das artes!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!

]]>

PODCATS #4: Aclimação Esporte Clube de Santo André

 

Hoje, vamos falar sobre o time do Aclimação EC, mas o futebol do ABC tem outros times e outras histórias, caso queira conhecer mais, veja aqui o Mapa do Futebol no ABC, desenhado pelo Victor Nadal.

O episódio #4 do nosso PODCAST fala da história do time, com entrevistas com algumas pessoas importantes para a história do time, confira:

Mas vale reforçar algumas coisas, por exemplo, em alguns lugares, existe a exibição desse distintivo mais antigo:

Distintivo Aclimação Esporte Clube

E também de um distintivo mais atual:

Distintivo Aclimação Esporte Clube

O time possui seu próprio campo, lá no Jardim Guarará. Olha como ele era antes de colocar o sintético!

Estádio do Aclimação EC

Mas veja como está atualmente, com o gramado artificial recém instalado:

O Aclimação E.C. foi fundado em 2 de fevereiro de 1962 e passou vinte anos disputando campeonatos do futebol amador, até decidir disputar a terceira divisão de 1982. E o time até que fez uma boa campanha, num campeonato meio bagunçado como foi a A3 daquele ano!

Naquele ano, o time mandou os seus jogos no Estádio do Parque Jaçatuba, que fica junto da sede social do Esporte Clube Santo André.

Futuramente vamos escrever um post sobre o Estádio do Jaçatuba, que também foi a casa do EC Santo André em algumas partidas!

Para deixar essa história mais atual, estivemos no Campo do Aclimação no sábado, 20 de novembro, dia da consciência negra para acompanhar a quarta de final da Copa Santo André.

Mais uma vez, estivemos acompanhados do amigo ““, grande torcedor do Ramalhão e que conhece (e curte) a várzea de Santo André.

E aí está o tradicional “Leão do ABC“, o Aclimação EC:

Presente para a disputa assim como fez nos anos 80, com um time que hoje ocupa as arquibancadas acompanhando de perto a sequência da história!

Quantos estádios de times profissionais possuem uma estátua do mascote presente? Olha aí o leão!

E tem a faixa do leão também que costuma acompanhar o Aclimação EC onde quer que ele jogue!

Tudo pronto pro jogo, gramado impecável, e atletas concentrados!

A torcida também estava animada!

O adversário do Aclimação é o time do EC Jardim Sorocaba!

A foto abaixo está na fanpage oficial da Copa, vale a pena conferir outras fotos bem bacanas!

Em campo, o time da casa acabou surpreendido logo nos primeiros minutos e levou o 1×0 numa bola alçada na área que acabou enganando a zaga.

Destaque para o pessoal da TVila (a tv que mais cresce no Brasil!) que está cobrindo a Copa e fazendo dela um sucesso ainda maior!

Confira os gols pelo vídeo que eles fizeram:

Mesmo o placar adverso não desanimou a torcida da casa, que fez a festa durante todo o jogo.

E aí aproveitamos para bater um papo com o pessoal da velha guarda do Aclimação! (vc confere o papo no vídeo do PODCAST #4)

O pessoal do banco até tentou mudar o jogo, mas infelizmente (para a torcida local) não foi a tarde do Aclimação

Fica a mensagem de agradecimento do time à torcida e a certeza da sequência do time em outros campeonatos amadores e quem sabe um dia sonhar com um retorno ao profissional?

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

]]>

Pepe Macia – o canhão da vila

O convidado do 3º episódio do nosso podcast superou qualquer expectativa… Batemos um papo com Pepe Macia, o segundo maior artilheiro da história do Santos (aliás, no vídeo eu falo 403… mas são 405 gols pelo alvinegro praiano). Jogou também na seleção brasileira e conquistou duas copas: a de 1958 e 1962. Mas além de tanta história como jogador, tornou-se treinador e em 1986 conquistou o primeiro título do Campeonato Paulista para um time do interior: a Inter de Limeira!

Confira aí o papo com Pepe Macia, o Canhão da Vila!

Ah, e se ainda não leu, dê um jeito de encontrar um exemplar da biografia: Pepe – o canhão da Vila.

E outra incrível recomendação é o Canal 11, o canal de Youtube do Pepe, o “maior oldtuber do Brasil”!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

]]>

O futebol em Guaiçara (SP)

O nosso rolê de 7 de setembro de 2021 terminou, narramos todos os encontros com os estádios que receberam partidas das diferentes divisões do Campeonato Paulista. Mas….
Sem querer entramos em um caminho que nos levou a um gigantesco Ficus de Benjamim e ao redor dele… existe uma cidade…
Bem vindo a Guaiçara!

Embora o nome vem da grande quantidade de Guaiçaras (uma espécie de árvore) no local, quem chamou nossa atenção foi esse “Ficus de Benjamim”.

A cidade onde vivem apenas 9.500 pessoas, e que é muito conhecida na região pela sua tradicional Festa de São joão Batista, só tornou município em 1955, quando se emancipou de Lins, depois de muita briga política.
Mas muito antes de tudo isso, já existia entre o pessoal daquela região um motivo para se orgulhar: o Paulista Futebol Clube!

Fundado em 2 de agosto de 1930, o time logo se tornou o xodó da cidade e da região, pelos bons resultados nas disputas amadoras e acabou conhecido como o “Glorioso”.

O Paulista FC nunca disputou nenhuma divisão do Campeonato Paulista, mas em compensação, se tornou um fenômeno nos campeonatos amadores.
Esse era o time de 1958:

E aqui, o seu estádio, onde mandou suas partidas…

Falamos do Estádio Municipal Virgínio Zanotto, que pode ser registrado por nós, durante essa visita aleatória!

Aqui, a bilheteria do estádio:

Mais um lindo estádio do interior paulista

Aqui, sua área lateral:

Uma vista pelo Google Maps:

Em 1947, o time disputou o Campeonato do Interior, jogando a 7ª Zona, no Setor 31, veja o grupo:

Olha o time dos anos 60:

Aqui, o time de 1978:

Esse foi o time de 1987:

Em 2025, voltamos à cidade de Guaiçara e dessa vez, conseguimos entrar dentro do Estádio e registrar um pouco do campo!

Sente um pouco do clima pacato do estádio:

Olha que linda essa arquibancada coberta!

Olha o gol do lado direito:

O meio campo ali com uma estrutura interessante de vestiários.

E essa faixa simples, mas que dá uma cara bem interessante ao campo:

Fomos embora, contentes por ter renovado o acervo de imagens deste belo estádio.

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O futebol profissional em Cafelândia!

Mais de 2 meses depois do rolê no feriado de 7 de setembro de 2021, finalmente chegamos ao nosso último destino…
Após visitar os estádios de Monte Alto, Guariba, Bebedouro, Monte Azul Paulista, Severínia, Riolândia, Cardoso, Votuporanga, Fernandópolis, Palmeira d’Oeste, Aparecida d’Oeste, Ilha Solteira, Pereira Barreto, Auriflama, Araçatuba, Guararapes, Buritama, Promissão, Getulina, Lins e Pirajuí, é hora de falar sobre o futebol e os estádios de Cafelândia!!!

Como o nome indica, a cidade tem sua história ligada ao cultivo do café. Lembra que no post anterior (sobre Pirajuí) citamos que aquela cidade fora uma das maiores produtoras mundiais?
Pois bem, Cafelândia era uma vila de Pirajuí e se desenvolveu graças ao viciante pó preto. Somente em 1926 foi criado o município de Cafelândia, desmembrado-se de Pirajuí.

Porém, a crise do café obrigou a procura por outras culturas (como a cana de açúcar) e pela pecuária como atividade econômica.
Atualmente, Cafelândia conta ainda com um distrito industrial com empresas de pequeno e médio porte. Mas mantém sua cara de cidade tranquila…

A cidade também possui uma importante Feira de Artesanato, a Cafeartes, que antes da pandemia, acontecia no feriado de 7 de setembro (ou seja, se estivesse tudo ok, nós teríamos conhecido o evento…)…
Só nos restou conhecer a igreja local.

Mas o ponto chave dessa visita à Cafelândia era registrar o Estádio Santa Izabel, uma das casas do futebol na cidade!

Eu digo uma das casas, porque este foi um dos campos utilizados pelo Glória FC, mas ele não é o único estádio da cidade, e nem o Glória foi o único time de Cafelândia.

Aliás, o Estádio Santa Izabel foi o terceiro campo do Glória. Vamos dar uma olhada lá dentro!

O Estádio Santa Izabel possui uma arquibancada coberta maravilhosa, com uma capacidade para quase mil torcedores!
Na arquibancada, mesmo um pouco apagado ainda há também o nome do Glória FC, que ocupou o estádio por um bom tempo e que parece aos poucos voltar à ativa.

Aqui o gol do lado esquerdo:

Ao lado do gol ficam os vestiários do estádio.

O gol do lado direito:

E aqui no meio campo a visão de sua magnífica arquibancada coberta!

Uma placa indica que o estádio foi reconstruído em 1994:

Mas mesmo reformado, não perdeu seu ar de interior, cheio de frondosas árvores espalhadas pelo seu entorno.

E também manteve seu ar bucólico… Já que fica numa área pouco habitada da cidade, com muita natureza ao seu redor…

O gramado segue sendo bem cuidado.

É ou não é um verdadeiro monumento ao futebol?

Esse post teve grande corporação do pessoal de Cafelândia, em especial Wanderley Colmati e Paulo Odenio Pacheco (autor do livro Cafelândia − Histórias e Estórias).

Como ele mesmo me disse, para falar da história do futebol em Cafelândia, precisamos contar sobre os 3 times que disputaram o futebol profissional, começando pelo mais antigo, fundado ainda na época da “vila”: o Cafelândia FC!

O Cafelândia FC, também chamado de “alviverde” foi fundado em 26 de abril de 1923, representando a parte baixa da cidade (a cidade tem mesmo uma parte mais alta e uma baixa, e… um time para cada!).
Seu estádio fica na Av. Duque de Caxias, 552 e por isso é conhecido como o “Estádio Duque de Caxias“.
Esse Estádio também seria utilizado pela Associação Cafelandense de Esportes.

E aqui algumas fotos que fizemos em 2025 no Estádio Duque de Caxias:

O Estádio segue desafiando os tempos modernos e mantém suas arquibancadas e o campo, hoje dedicado ao futebol amador.

Algumas partes do gramado com aquelas pragas tão tradicionais nos campos…

Esse é o gol da direita:

O meio campo com sua linda arquibancada coberta:

E o gol da esquerda, onde a sigla do time aparece no morro.

Sua cobertura tem uma construção diferente e dá um visual bem legal!

Logo o Cafelândia FC filiou-se à Federação Paulista de Futebol e passou a disputar os campeonatos amadores até 1954, quando decidiu ingressar no profissionalismo disputando a Terceira Divisão do Campeonato Paulista de 1955, com uma fraca campanha, terminando seu grupo na última colocação com apenas um empate.

O Cafelândia FC jogou ainda a Terceira Divisão de 1956 e 57, fazendo novamente campanhas fracas, levando-o a se licenciar do profissionalismo e voltar aos campeonatos amadores.

Em 1964, o time disputou o amador (foto da fanpage “Eu amo Cafelândia”) e foi campeão de seu setor:

Em 65, o bicampeonato do setor!

E levou o tricampeonato do setor em 1966:

Nesse mesmo ano, em 1966, o time retornou ao profissional, desta vez jogando a Quarta Divisão, mas só permaneceu na disputa por dois anos, licenciando-se novamente ao final de 1967, mesmo tendo feito nesse seu último ano de história a sua melhor campanha.

Aqui, uma outra linda imagem do time:

Porém, nem só de café se faz o futebol da cidade.
Em 26 de setembro de 1926, quando a vila tornou-se cidade, surgiu o Glória FC, para a glória da parte alta da cidade.

Como a parte baixa da cidade já possuía seu time de futebol (o (Cafelândia FC), e existia grande rivalidade entre as duas partes da cidade, a parte alta não podia ficar atrás no futebol e assim surgia o alvipreto de Cafelândia, o Glória FC!.

O primeiro campo do Glória F.C. ficava na área onde está a Escola Kennedy e a Praça S.C.J.

Dali, o campo do Glória foi transferido para a Vila Operária, onde hoje está a Escola Presidente Afonso Pena e próximo ao atual Estádio Municipal. Nesse campo, o Glória ), onde disputou vários amistoso com times da região como o Clube Atlético Linense.

O Glória FC foi o primeiro time do interior paulista a jogar no Estádio do Pacaembu, em 1941, contra um combinado formado pelo Corinthians e o então Palestra Itália. E com tamanha força, viu sua torcida aumentar a cada dia, mas em 1945, novamente teve que mudar de campo, indo para um terreno desmembrado da Fazenda ”Santa Isabel” (daí o nome do atual campo que mostramos lá no começo!).

A inauguração do Estádio Santa Izabel coincidiu com a disputa do Campeonato Amador do Interior e a partir de 1946. Esse é o time de 1946:

Esse é o Glória FC de 1947, campeão da 30a região do amador do estado:

Esse foi o grupo:

O time passou uma grande série de jogos sem perder para o rival local (Cafelândia F. C.), de 1945 até 1957, quando no seu próprio campo, perdeu essa invencibilidade por 3 a 2.

No amador, o Glória FC sagrou-se campeão do seu setor muitas outras vezes!

Olha aqui, o campeão do setor de 1963:

A partir de 1955, o Glória FC decidiu participar do Campeonato Paulista da Terceira Divisão, entretanto em seu primeiro ano, o time desistiu da competição e só participou em 1956, com campanha mediana, assim como 1957, porém em 1958 classificou-se para a fase final do campeonato.

Na segunda fase, o time acabou perdendo a classificação para o triangular final para o time do Nevense!

Em 1966, o time voltou para uma última participação no profissionalismo, novamente na Terceira Divisão, mas acabou se despedindo do profissionalismo com uma campanha fraca, o que não apaga sua força como equipe demonstrada até ali!

Recentemente, o patrimônio do Glória FC chegou a ficar abandonado até que um empresário assumiu a presidência na tentativa de reativar o clube.

Mas toda essa rivalidade na cidade acabou quando Cafelândia F.C. e o Glória FC perceberam que talvez poderiam se unir e criar uma nova potência para o futebol: assim, em 17 de março de 1968 surgia a Associação Cafelandense de Esportes que disputou 17 edições do Campeonato Paulista entre a 3a e a 4a divisão, até se licenciar da Federação Paulista em 1984.

Com apoio do então prefeito municipal, Jayme de Lima (ex-jogador do Glória FC), o ACE estreou no profissionalismo, em 1968, na Quarta Divisão fazendo uma campanha sem grandes resultados.

Disputou ainda a Quarta Divisão em 1977, fazendo uma boa campanha, e em 78 e 79, com campanhas ruins. Essa foi a primeira fase:

E essa a segunda fase, de onde o Cafelandense não conseguiu passar:

Mas o ACE também jogou a Terceira Divisão de 1970 a 76 e de 1980 a 84, quando abandonou o futebol profissional. O time de 1972 fez uma grande campanha se classificando para a segunda fase:

Na segunda fase acabou em 6o lugar, 3 pontos atrás do segundo colocado, o Rio Claro:

Em 1973, uma campanha linda! Na primeira fase classificou-se em segundo lugar, atrás da Penapolense:

Na segunda fase liderou o grupo desclassificando o poderoso Mogi Mirim!

E ainda saiu invicto da final, com dois empates e uma dolorosa derrota nos penaltys para o Independente de Limeira… Aliás, naquele ano não houve acesso e ambos os times permaneceram na Terceira Divisão.

Esse foi o time do vice campeonato de 1973:

Aqui, o time de 1975:

Aqui, o amigo Benê de Marília, no time da Cafelandense!

Com o fim do profissionalismo, em 84, logo se desfez a antiga fusão entre Glória FC e Cafelândia FC (em 88), mas mantendo a Associação Cafelandense de Esportes. Em 1990 foi realizada uma reunião com a finalidade de ressuscitar o Glória FC.

A Cafelandense permaneceu voltou a disputar uma competição amadora em 1990, participando do Campeonato Amador da Região de Bauru – Setor 68, tendo conquistado o título da região em 1992, 94 e 96. Esse foi o time de 1990:

Em 2016 retornou às suas atividades participando da 1ª Taça Paulista, Grupo Especial, Sub-18, organizada pela Liga de Futebol Paulista.

Que cidade, que história… Espero que em breve possamos ouvir falar novamente no futebol de Cafelândia!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!!

O futebol profissional em Pirajuí!

Bem vindo e bem vinda à nossa penúltima parada!!! Depois de visitar os estádios de Monte Alto, Guariba, Bebedouro, Monte Azul Paulista, Severínia, Riolândia, Cardoso, Votuporanga, Fernandópolis, Palmeira d’Oeste, Aparecida d’Oeste, Ilha Solteira, Pereira Barreto, Auriflama e Araçatuba, Guararapes, Buritama, Promissão, Getulina e Lins é hora de conhecer o futebol de Pirajuí! (Não confunda com Pirajú!!!)

Como muitas das cidades que visitamos nesse rolê, o território de Pirajuí também era ocupado por indígenas Kaingangs até o final do século XIX. Também citam a presença de grupos Terenas, que vieram do Mato Grosso em busca de melhores terras, caça e pesca. Tudo seguia em paz até a chegada das expedições militares que tinham como ideia povoar aquelas terras, usando como base o binômio: agricultura + ferrovia.

Assim, foi uma questão de tempo até que os indígenas fossem varridos da região pelo “progresso”. Os poucos sobreviventes foram agrupados em reservas. E a partir de 1888, surgem os primeiros vestígios do que se tornaria o município de Pirajuí em 1915

Como sempre…. Tem uma igreja na história para agregar mais e mais pessoas em torno do povoado…

Mas a cidade prosperou mesmo graças ao cultivo do café. Em meados do século XX, foi considerada o maior município cafeeiro de todo o planeta.

Atualmente, a agricultura ainda é a base da economia da cidade, mas muitos dos jovens já se planejam para estudar e trabalhar em regiões metropolitana. E aí está sua rodoviária por onde parte das pessoas deixam a bela Pirajuí para ir atrás de seus sonhos.

Por falar em sonho, o nosso era o de conhecer e registrar o Estádio Municipal Francisco Nazareth Rocha, o “Rochão“!

Estádios do interior costumam aproveitar seus longos muros para ganhar uma graninha a mais com publicidade!

E aqui estamos nós, na casa do futebol profissional em Pirajuí!

Na mesma bilheteria que já registrou a chegada de tantos e tantas torcedoras!

Este é o outro lado do estádio, por onde “escorre” sua arquibancada.

Aliás, há uma placa na parte interna do estádio que data de 1962 a inauguração da arquibancada do Estádio Municipal.

Aliás…. vamos conhecer um pouco da parte de dentro do Estádio Municipal Francisco Nazareth Rocha

Sua arquibancada ainda está muito bem preservada! A capacidade oficial é de 2.700 torcedores.

Existe uma pequena cobertura capaz de proteger do sol ou da chuva pelo menos uns 4 lances da arquibancada.

E elas ficam lá no alto, como um verdadeiro “trono”, fazendo os torcedores serem os verdadeiros reis deste jogo!

O campo também. Nosso tradicional registro mostrando o meio campo:

O gol da esquerda:

Ao fundo, a torre da igreja…

E o gol da direita:

Ali ao fundo, pode se ver a torre de iluminação.

Mais uma missão cumprida, afinal, esta é a casa de dois times que disputaram aí os campeonatos profissionais da Federação Paulista e que fizeram também um importante papel no futebol amador.

O primeiro deles é o Pirajuí Atlético Clube.

O time foi fundado em 27 de dezembro de 1927, ainda como Pirajuhy Atlético Clube ou seja… Está há pouco mais de 5 anos de seu centenário! Aqui uma foto do time dos anos 30:

Essa é a sede social deles. Peguei a foto lá no Google Maps, porque não deu tempo de visitar o local 🙁 .

O time começou disputando os campeonatos amadores, como o Campeonato do Interior (em 1942, 44, 45, 47). Aqui, o time de 1949, campeão do Regional (e que seria bicampeão em 1950):

Mas, em 1954, o Pirajuí Atlético Clube daria seu salto mais importante rumo ao profissionalismo, disputando a Terceira Divisão, como faria depois em 1955 e 1980. Na campanha de 1955, classificou-se para a segunda fase, liderando seu grupo!

Infelizmente na segunda fase, terminou na lanterna do triangular atrás da Santacruzense e do Duartina. O Pirajuí AC disputou também a edição da quarta divisão (a atual B) em 1965, ficando em 4º lugar na 5ª série.

Por fim, foram mais duas edições da quinta divisão (atualmente extinta), em 1978 e 79. Em 1979, o time ainda se classificou para a segunda fase, liderando o seu grupo, mas terminando a fase final em último lugar:

Esse era o time do Pirajuí AC nos anos 70:

Nessa época, quem visitou a cidade para um amistoso foi o craque Garrincha!

Atualmente o departamento de futebol do clube se dedica apenas a competições amadoras. Aqui, o time dos anos 90:

O outro time da cidade, é mais novo, fundado em 24 de abril de 1972. Trata-se do Flamengo Futebol Clube de Pirajuí! Distintivo do site Escudos Gino:

O Flamengo Futebol Clube também se originou nas disputas amadoras, aqui o time de 1984 (enviada pelo ex jogador Luiz Carlos Lopes Scafina):

Mas em 1986, o Flamengo seguiu os caminhos do Pirajuí AC e debutou na Terceira Divisão, terminando a poucos pontos da classificação para a segunda fase.

Depois, participou da Quarta Divisão em 1988, 89 e sua última participação no torneio seletivo para a Segunda Divisão de 1991, terminando nas últimas colocações em todos os campeonatos. No ano seguinte, pediu licença junto a Federação Paulista de Futebol.

O time pirajuense voltou à atividade amadoras em 2011 para a disputa do Campeonato Paulista de Futebol – Segunda Divisão Sub-20 e depois para participar da São Paulo Cup 2019, competição organizada pela Global Scouting Football. O Flamengo jogou com o time abaixo:

É isso aí! Frequente o estádio da sua cidade!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!