O futebol em Ribeirão Preto – Parte 1: O Estádio Palma Travassos

Aproveitamos o feriado da consciência negra (20 de novembro) de 2025 para refletir sobre o quanto o racismo ainda atrapalha uma vida de qualidade para todos em nosso país.
E, infelizmente, é fácil concluir que o racismo ainda é um grande problema social, e que por isso, não basta se dizer “não racista” é imprescindível que sejamos todos antirracistas em todos os ambientes que a gente vive: escola, trabalho, amigos e futebol.
Só pra reforçar o tema, vale assistir o vídeo do Eduardo Bueno que relembra quem foi e o que simboliza Zumbi dos Palmares e a data de 20 de novembro.

Também aproveitamos o feriado para pegar a estrada.
Fomos até Ribeirão Preto!

Devido à sua ascensão como grande centro produtor de café no final do século XIX, houve extensivo uso de mão de obra escravizada, e mesmo com a abolição, muitas lavouras da região ofereceram resistência ao fim da escravidão.
Encontrei alguns levantamentos quantitativos realizados por Luciana Suarez que destaca a população da cidade em 1874 como: 4.695 livres e 857 cativos. Dados de 1887 mostram que a população livre somava 9.041 e a escravizada 1.379.
Por isso, é importante entender a realidade dos dias de hoje com base nessa história recente, porque se você acha que isso é coisa do passado, leia esta notícia de 2022 sobre idosa que era mantida em condições análogas à escravidão.

Nosso principal objetivo na cidade era registrar o Estádio Palma Travassos, o único das 5 divisões do Estado de São Paulo de 2025 que a gente ainda não conhecia.

E, felizmente, deu tudo certo! Da bilheteria até a parte interna do Estádio, conseguimos passar uma boa tarde vivenciando o Palma Travassos!

Faltou apenas ver a loja “Garra do leão” e aproveitar algum desconto, mas como diz um grande economista, melhor do que um desconto é não gastar.

Gostaria de agradecer todo o pessoal do estádio e da assessoria de imprensa que possibilitaram a visita e nos deixaram super a vontade para registrar cada detalhe.

Na parte interna ainda, existe uma série de itens históricos, como esta camisa linda:

Aliás, já escrevemos sobre a camisa e história do Comercial, veja aqui.
Faltava mesmo o registro do Estádio e antes de adentrá-lo dei uma boa volta em seu entorno e muito interessante ver que existe uma vida própria ali com bares e restaurantes.

Voltando a falar sobre os objetos históricos dispostos ali internamente, vale citar os troféus, os quadros com os presidentes e fotos históricas, muito bonitas, como a do antigo estádio!

Mas,já era hora de, finalmente, entrarmos ao campo, vamos lá?

Como mostrei no vídeo, achei legal também esses painéis homenageando figuras importantes da história do Comercial FC.

É mesmo um estádio muito bonito, e sem dúvidas que estar ali em dia de jogo é uma experiência que ainda quero passar!

Olha que linda a parte coberta da arquibancada:

E aí está o distintivo gigante no próprio campo:

No dia da visita, estavam acontecendo melhorias no estádio e no campo, mas nada que atrapalhasse o nosso registro.

A arquibancada possui cadeiras um pouco diferentes das atuais tradicionais:

Uma honra estar em um estádio com tanta história e uma torcida tão apaixonada…

Olha o placar que bacana:

Aqui, um olhar no lado direito do campo:

O meio campo:

E o gol do lado esquerdo:

Enfim, foi muito emocionante poder caminhar ali pela parte de baixo, bem ao lado do gramado e imaginar quanta coisa já passou por aí.

Esses são os meus sonhos de criança… Estar em cada um dos estádios que povoaram minha imaginação ou mesmo o acompanhamento dos campeonatos nestes 48 anos de vida… Só tenho que agradecer a oportunidade…

E que o Comercial tenha um ano bacana em 2026.

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O futebol em Porto Ferreira (SP) em 2025

É… Tudo muda.
Tudo segue se transformando com o tempo.
Tem coisas tradicionais que deixam de existir e também coisas novas que nascem.
Em 2012, estivemos por Porto Ferreira para conhecer e registrar o Estádio Municipal da Vila Famosa (veja aqui como foi), também chamado de Vila Formosa.

Na época, o Estádio era a casa da Sociedade Esportiva Palmeirinha, um time que atuava na série B do Campeonato Paulista.

Cheguei a ver um jogo deles lá em Jaú, em 2013 (veja aqui como foi).

Em 2016, o time disputa seu último Campeonato Paulista pela série B, e no ano seguinte, voltamos a passar pelo estádio, para uma nova visita (veja aqui como foi).

Em 2023, chegou a notícia que o Estádio fora abandonado e estaria prestes a ser demolido.
Torcendo para ser apenas um boato, no feriado da consciência negra de 2025 passei por Porto Ferreira e, para a tristeza de todo apaixonado por futebol, confirmei a notícia…

Me pergunto se pra quem mora na cidade realmente fez sentido essa demolição para se ter um…. “nada” no lugar…
Ok, provavelmente algo será construído nos próximos meses ou anos, mas ainda assim, dói ver essa imagem, não?

A cidade é referência na produção e comércio de cerâmicas, e não é difícil pensar que algo nesse sentido pode tomar esse espaço, ou quem sabe um novo espaço para o esporte municipal?

E pensar que, assim como as cerâmicas, o time fez parte do dia-a-dia da cidade por tantos anos…

Olha que linda a foto do Marcier Martins quando goleiro do time (do acervo Marcier Martins):

É um time com muita história…

E com uma torcida bastante apaixonada!

No início da carreira, o goleiro Aranha teve uma passagem no gol do Palmeirinha!

E o que dizer de 1967, quando o time sagrou-se campeão da terceira divisão.

Muitos fizeram história com essa camisa…

Assim, com a demolição do Estádio e o fim do Palmeirinha, a cidade parecia fadada a não ter mais um time de futebol nas competições da Federação Paulista.
Mas, no dia 26 de abril de 2022, uma família da cidade decidiu criar o Porto Foot Ball Ltda, o primeiro clube-empresa de Porto Ferreira.

Se você quer saber um pouco mais sobre o time, batemos um papo com o presidente do clube, confira:

O time nasce com a missão de juntar a cidade, e por isso soma o preto e branco do antigo Porto Ferreira FC e o verde do Palmeirinha, além disso, passou a mandar seus jogos no tradicional Estádio Ferreirão

E é aqui que o futuro se une ao passado já que o Estádio Ferreirão foi a casa do Porto Ferreira FC, primeiro time da cidade a participar de competições da Federação Paulista, fundado em 1912.


Em 1916, seu primeiro campo (1 no mapa abaixo) deu lugar ao Jardim Público que é a atual praça Cornélio Procópio, obrigando-o a se mudar para onde hoje está o Hospital Dona Balbina (2 no mapa abaixo), de lá, mudou-se em 1923 para a área onde hoje está o clube social (3 no mapa abaixo) e permaneceu por lá até 1968, quando finalmente mudou para a atual área do Estádio (4 no mapa abaixo).

Em 1925, disputou dois amistosos com o Clube Atlético Paulistano, recém-chegado de excursão pela Europa, vencendo ambas (3×0 e 2×0).
Em 1926, o Clube Atlético Paulistano novamente visita Porto Ferreira e dessa vez apenas uma partida: um empate em 0x0.
Nesse mesmo ano, o Porto Ferreira FC filiou-se na Liga dos amadores de Futebol e segundo o livro “Os esquecidos”, estreia no Campeonato do Interior na Região C.

No ano seguinte disputa a Zona da Paulista:

Em 1952, foi Campeão amador do setor 9.

E se mostramos lá em cima um desfile com a bandeira do Palmeirinha, o Porto Ferreira FC também teve seu momento…

O alvinegro de Porto Ferreira foi o primeiro time a conquistar o coração da população…

E que demais esse uniforme, hein?

Dessa forma, fomos conhecer o Estádio Ferreirão, que teve sua inauguração oficial em 25 de julho de 1982, como indica a placa abaixo:

Então, venha conosco para um rolê por este verdadeiro elo entre o passado e o futuro!

Olha que bem estruturado é o estádio em se falando de arquibancada.
Temos estes degraus em torno da lateral de entrada e também atrás do gol esquerdo:

Sempre gosto de comparar com outros times que estão disputando a série B do Campeonato Paulista para pensar se um estádio teria condições de abrigar o futebol profissional novamente, e no caso do Ferreirão, acredito que com algumas poucas melhorias teríamos condições de ver o Porto Foot Ball alçando voos mais altos!

Além das atuais arquibancadas, existe espaço do outro lado do campo para eventuais novas estruturas, como se vê nesta foto do meio campo!

Ali ao lado direito, também temos parte da arquibancada quase até o gol.

Aqui, o já supra citado gol do lado esquerdo.

Uma pena só ter o registro do time que este ano foi finalista da Série B do Campeonato Paulista Sub 20 no Estádio de Paulínia.

Ainda estamos devendo acompanhar um jogo por aqui… Era pra gente ter vindo na final, vencida pelo Paulinense, mas ano que vem teremos o time na Série A do sub 20 e quem sabe podemos enfim registrar um jogo.

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Semifinal do Campeonato Paulista sub17 e futebol amador em Cosmópolis

No fim de semana de 8 e 9 de novembro, estivemos por Cosmópolis e a cidade estava respirando futebol!
No sábado pela manhã, o Cosmopolitano Sports (agora de distintivo novo, como se vê abaixo) emprestou o Estádio Telmo de Almeida para que o Guarani disputasse a partida de ida das semifinais do Campeonato Paulista sub17.

Dê uma olhada em como estava bacana o clima no Estádio Thelmo de Almeida, mesmo em uma manhã chuvosa…

Cosmópolis tem respirado futebol de um jeito especial. A cidade carrega uma relação histórica com o esporte, por meio dos seus 2 times (Cosmopolitano e a Funilense) parece voltar a se acostumar a conviver com partidas decisivas.

O Estádio está praticamente pronto para receber a copinha de 2026!

Em campo, os visitantes não deram muita bola pro campo, nem o adversário e venceram a partida por 2×1!

Aqui, o gol da esquerda:

Gol da direita:

Meio campo:

O Guarani levou perigo tentando empatar…

Vista da arquibancada visitante:

Torcida do Guarani saiu meio brava com o resultado, mas o Bugre chegou até a semifinal revertendo fora de casa placares adversos, então… A esperança sobrevive!

A estrutura do Thelmo de Almeida impressiona pela organização e cuidado. Arquibancadas limpas e gramado bem tratado.
A cada reforma, o espaço reafirma seu papel como casa do futebol cosmopolense e símbolo de resistência esportiva no interior paulista.
Não a toa teremos copinha aqui em 2026…

Mudando de campo e de organização, seja bem vindo ao campo do Mancha Futebol e Samba, onde duas partidas das quartas de final do campeonato amador de Cosmópolis acosnteciam!

Se no sábado a manhã foi chuvosa no Estádio Thelmo de Almeida, o domingo brindou a torcida com forte sol!

Em campo o JBI FC fez 4×0 no EC Laranjeiras.

Esses torneios amadores revelam o verdadeiro coração do futebol: paixão sem contrato, rivalidade sem violência e muito amor pela camisa.
É nesse ambiente que surgem os novos talentos e onde o torcedor se sente parte da história, celebrando o jogo como um ato coletivo de alegria.
E esse time, alguém aí conhecia?

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A reinauguração do Estádio do Grêmio Esportivo Taboão de São Bernardo

Há alguns anos, durante a pandemia, fizemos uma visita e registramos o Estádio do Grêmio Esportivo Taboão (veja aqui como foi).

Na época o estádio tinha gramado natural, mas na real, estava no “terrão”.

Na semana passada recebi o convite para revisitá-lo após as reformas.

E não foi pouca grana que veio do Governo do Estado… Mais de 2,6 milhões de reais…

Vamos ver se valeu a pena essa grana!

A primeira surpresa foi saber que o Campo do Taboão agora tem nome e sobrenome: Campo Municipal de Futebol “Romeu Ducca”, em homenagem ao ex atleta, treinador e dirigente do clube, falecido em 2011.

Mas, o que chama mesmo a atenção é seu novo gramado sintético…

Ficou ou não show de bola? Olha o meio campo:

O gol da esquerda:

O gol da direita:

Aí está o atual presidente, Luis Carlos, o “Luisão”, todo orgulhoso do novo campo!

Pudemos entrar no campo pra sentir a qualidade da grama e olha… impressiona…

Parece um gramado natural!

Pode parecer exagero, mas me lembrei do campo do CE Europa: o Estádio Nou Sardenya, aliás no vídeo que fiz lá e naquele dia eu disse que o estádio lembrava o Baetão kkkk:

Lembra ou não? Ou é exagero?

O Grêmio Esportivo Taboão segue nas disputas amadoras da cidade e infelizmente a volta ao profissionalismo é só um sonho distante, mas o lugar ficou lindo e pode servir não só ao time mas à comunidade futeboleira do bairro!

Olha aí o banco de reservas e os refletores. Será que assistiremos um jogo noturno do Grêmio Taboão?

Quanta história já passou por este gol e agora, com a reforma, ainda vai passar…

Caminhemos para o futuro e aguardemos que a história seja escrita!

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Estádio Comendador Luiz Meneghel, em Bandeirantes (PR)

No carnaval de 2025 fomos até Presidente Prudente assistir Grêmio Prudente x Santo André pela série A2 do Campeonato Paulista.

Na volta, demos um rolê pelo norte do estado do Paraná, começando por Alvorada do Sul, …

Depois paramos em Londrina para registrar o Estádio Uady Chaiben, a casa da Portuguesa Londrinense (PR)

… além de acompanhar o resultado das obras de melhorias no Estádio Vitorino Gonçalves Dias, o VGD” :

Também fizemos uma parada em Cornélio Procópio para conhecer e registrar o Estádio Municipal Ubirajara Medeiros.

E ainda fomos conhecer Santa Mariana…

E seu Estádio Municipal…

Mas a estrada nos ofereceu uma outra experiência incrível no norte do Paraná: a cidade de Bandeirantes, onde vivem cerca de 30 mil pessoas.

O local, que até o início do século XX era um território ocupado pelo povo kaingang, se converteu em cidade com a inauguração da estação Bandeirantes, que atendia à Estrada de Ferro São Paulo – Paraná.
Foto do Site Estações Ferroviárias:

A nossa presença na cidade tinha como objetivo conhecer e registrar o Estádio Comendador Luiz Meneghel, também chamado de Estádio Vila Maria.

Com capacidade para 8.000 torcedores, o Estádio Comendador Luiz Meneghel foi a casa do União Bandeirante Futebol Clube.

O União Bandeirante FC foi fundado no dia 15 de novembro de 1964, pelo comendador Luiz Meneghel, como uma forma de tirar a atenção do sofrimento causado pelo golpe militar que o país sofrera.
Para isso, o Guarani, que disputava o Campeonato Paranaense, se fundiu com o time da usina de propriedade da família Meneghel fazendo surgir o União Bandeirante. Não a toa o seu distintivo vem da marca da Usina.

O time entrou pra história ao ser vice-campeão estadual logo em 1966, no primeiro Campeonato unificado (antes disputavam 2 sedes, em norte e sul do estado), sendo disputado no formato pontos corridos.


Em 1969, mais uma vez o time chega à final, mas acaba derrotado pelo Coritiba.

Em 1971, o time coleciona mais um vice-campeonato.

Em 1989, novamente foi vice-campeão estadual perdendo o título para o Coritiba.

Aqui, o time de 1991:

Em 1992, o União vencia o Londrina, no segundo jogo da final por 2×1, resultado que lhe daria o título, mas cedeu o empate nos acréscimos, o que provocou o terceiro jogo. O Londrina venceu a partida seguinte e sagrou-se campeão.

Também fez história os irmãos Serafim e Paulo Meneghel, filhos do fundador do time e presidente e vice respectivamente por muitas décadas.
O Serafim é conhecido por uma história em que ele teria dado um tiro na bola para não deixar bater um pênalti contra o União, mas ele mesmo desmentiu o fato, segundo ele tendo sido inventado por José Carlos Malucelli.

Em 2006, o União Bandeirante decretou o encerramento de suas atividades, alegando dificuldades financeiras e também pelos problemas de saúde do patriarca Serafim Meneghel.

Voltando ao Estádio, ele foi construído em 1964 e seu nome homenageia o patriarca dos Meneghel, hoje já falecido.

Infelizmente hoje, o Estádio está abandonado e o pior… trancado.

Por sorte, encontramos algumas imagens feitas via drone e disponíveis em vídeo pelo canal Bandeirantudo!

É de partir o coração, ao mesmo tempo em que é muito emocionante ver o tamanho da sua estrutura… Olha essa arquibancada!

As cabines telefônicas seguem por lá. Vazias. Tristes. Solitárias…

O gramado… praticamente morreu…

Um dia essa cobertura deve ter sido proteção contra sol, ou chuva, para centenas de torcedores…

Será que dá pra sonhar com esse gol de volta ao jogo?

O alambrado é mesmo resistente. Está de pé até hoje.

Ao lado do campo, um espaço que possivelmente seria destinado a um campo de. treinamentos.

Infelizmente, desta vez ficamos do lado de fora…
Mas registramos o que era possível.

O pessoal de fora do estádio alerta “não entre sem autorização porque a viúva do Luis Meneghel mantém seguranças por ali”.
Não parece bem verdade, mas respeitamos os avisos.

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De volta ao Estádio Hudson Buck Ferreira, o “Ninho da Águia”

Sábado, 19 de abril de 2025.
Depois de alguns anos, voltamos ao Estádio Dr Hudson Buck Ferreira para acompanhar uma partida da SE Matonense válida pelo Campeonato Paulista sub 17.

A última vez que estivemos por aqui foi em 2010! Veja aqui como foi.

Os jogos da base não tem cobrança, mas vale a foto na bilheteria:

E já que não precisa ingresso, vamos ao campo!

Confesso que não tinha grandes expectativas em relação ao público por se tratar de uma competição de base, mas me surpreendi bastante com a boa presença de torcedores!

Se você nunca esteve no Estádio da Matonense, recomendo uma visita, porque ele é bastante peculiar.

As cabines de imprensa são um charme à parte.
As janelas e vitrais permitem a visualização do espaço onde os profissionais estão e mesmo aparentemente pequenas, certamente já abrigaram transmissões cheias de emoção.
A sensação é de que qualquer rádio AM que se preze já teve alguém narrando ali um “grande clássico regional”.

Degraus estreitos, arquibancadas relativamente altas, um forte tom azul com alguns detalhes em amarelo…
Seria exagero chamá-lo de “A Bombonera caipira“?

Essa é a vista do gol da esquerda, onde existe a sequência da arquibancada e que permite uma capacidade para mais de 12 mil torcedores.

Aqui, o meio campo, e é para onde está a maior parte da cidade.

E aqui, o gol da direita, onde não existe nenhuma arquibancada.

Olhando para a arquibancada principal, boa parte dela é coberta, oferecendo conforto aos torcedores e também dando uma característica visual ainda mais proprietária.

Na imagem abaixo dá para ver bem como as arquibancadas se juntam atrás do gol.

Entre tantos devaneios, lembranças e imaginações sobre quanta história já ocorreu neste estádio, quase acabei me esquecendo de prestar atenção na partida.
Mas o time do Rio Claro logo chamou minha atenção ao abrir o placar em um contra-ataque fulminante!

O time da Matonense sentiu o baque ao ter seu gol vazado tão cedo e estando nos seus domínios, mas logo os próprios atletas procuraram se tranquilizar e buscar o “recomeço” do jogo.

Mas o time do Rio Claro parecia motivado a sair com os 3 pontos, e seguiu lançando-se ao ataque.

As partidas do sub-17 de hoje em dia são bastante disputadas e os jogadores já se apresentam com um comprometimento tático e físico similar ao dos profissionais.

Cada canto abrigava um personagem: o adolescente sonhador com a camisa do time, a mãe que gritava o nome do filho em cada lance, o vendedor de pipocas sonhando com dias de melhores públicos…

Conforme o sol da manhã ia surgindo dentre as nuvens e iluminando as estruturas do estádio, revelando detalhes da pintura, as bandeiras e a simplicidade que só o tempo oferece.
Tudo ali parece ter parado para lembrar o que é o futebol raiz, mas muito bem cuidado!

Os meninos da SE Matonense foram guerreiros.
Mas o futebol não tem coração.
E não era o dia do time local…
O Rio Claro fez 7.
7×0…

Mas sinceramente? O resultado foi o que menos importou.
O importante foi reencontrar esse templo escondido do futebol paulista e registrar, mais uma vez, que os estádios também têm memória.
E que a Matonense ainda vive.

Alheias ao que ocorria no campo, as crianças jogavam sem pensar no amanhã…

O jogo foi chegando ao fim e claro que rolou um clima meio melancólico…

Com o apito final, ficou no ar aquela atmosfera que mistura silêncio, frustração e um certo carinho pela presença em mais um dia de vida do Estádio.
Era como se ao sair, o Dr. Hudson Buck Ferreira sussurrasse ao nosso ouvido: “Volte mais vezes, mesmo que o jogo não seja decisivo. O futebol sempre estará aqui.”

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O futebol profissional em Cafelândia!

Mais de 2 meses depois do rolê no feriado de 7 de setembro de 2021, finalmente chegamos ao nosso último destino…
Após visitar os estádios de Monte Alto, Guariba, Bebedouro, Monte Azul Paulista, Severínia, Riolândia, Cardoso, Votuporanga, Fernandópolis, Palmeira d’Oeste, Aparecida d’Oeste, Ilha Solteira, Pereira Barreto, Auriflama, Araçatuba, Guararapes, Buritama, Promissão, Getulina, Lins e Pirajuí, é hora de falar sobre o futebol e os estádios de Cafelândia!!!

Como o nome indica, a cidade tem sua história ligada ao cultivo do café. Lembra que no post anterior (sobre Pirajuí) citamos que aquela cidade fora uma das maiores produtoras mundiais?
Pois bem, Cafelândia era uma vila de Pirajuí e se desenvolveu graças ao viciante pó preto. Somente em 1926 foi criado o município de Cafelândia, desmembrado-se de Pirajuí.

Porém, a crise do café obrigou a procura por outras culturas (como a cana de açúcar) e pela pecuária como atividade econômica.
Atualmente, Cafelândia conta ainda com um distrito industrial com empresas de pequeno e médio porte. Mas mantém sua cara de cidade tranquila…

A cidade também possui uma importante Feira de Artesanato, a Cafeartes, que antes da pandemia, acontecia no feriado de 7 de setembro (ou seja, se estivesse tudo ok, nós teríamos conhecido o evento…)…
Só nos restou conhecer a igreja local.

Mas o ponto chave dessa visita à Cafelândia era registrar o Estádio Santa Izabel, uma das casas do futebol na cidade!

Eu digo uma das casas, porque este foi um dos campos utilizados pelo Glória FC, mas ele não é o único estádio da cidade, e nem o Glória foi o único time de Cafelândia.

Aliás, o Estádio Santa Izabel foi o terceiro campo do Glória. Vamos dar uma olhada lá dentro!

O Estádio Santa Izabel possui uma arquibancada coberta maravilhosa, com uma capacidade para quase mil torcedores!
Na arquibancada, mesmo um pouco apagado ainda há também o nome do Glória FC, que ocupou o estádio por um bom tempo e que parece aos poucos voltar à ativa.

Aqui o gol do lado esquerdo:

Ao lado do gol ficam os vestiários do estádio.

O gol do lado direito:

E aqui no meio campo a visão de sua magnífica arquibancada coberta!

Uma placa indica que o estádio foi reconstruído em 1994:

Mas mesmo reformado, não perdeu seu ar de interior, cheio de frondosas árvores espalhadas pelo seu entorno.

E também manteve seu ar bucólico… Já que fica numa área pouco habitada da cidade, com muita natureza ao seu redor…

O gramado segue sendo bem cuidado.

É ou não é um verdadeiro monumento ao futebol?

Esse post teve grande corporação do pessoal de Cafelândia, em especial Wanderley Colmati e Paulo Odenio Pacheco (autor do livro Cafelândia − Histórias e Estórias).

Como ele mesmo me disse, para falar da história do futebol em Cafelândia, precisamos contar sobre os 3 times que disputaram o futebol profissional, começando pelo mais antigo, fundado ainda na época da “vila”: o Cafelândia FC!

O Cafelândia FC, também chamado de “alviverde” foi fundado em 26 de abril de 1923, representando a parte baixa da cidade (a cidade tem mesmo uma parte mais alta e uma baixa, e… um time para cada!).
Seu estádio fica na Av. Duque de Caxias, 552 e por isso é conhecido como o “Estádio Duque de Caxias“.
Esse Estádio também seria utilizado pela Associação Cafelandense de Esportes.

E aqui algumas fotos que fizemos em 2025 no Estádio Duque de Caxias:

O Estádio segue desafiando os tempos modernos e mantém suas arquibancadas e o campo, hoje dedicado ao futebol amador.

Algumas partes do gramado com aquelas pragas tão tradicionais nos campos…

Esse é o gol da direita:

O meio campo com sua linda arquibancada coberta:

E o gol da esquerda, onde a sigla do time aparece no morro.

Sua cobertura tem uma construção diferente e dá um visual bem legal!

Logo o Cafelândia FC filiou-se à Federação Paulista de Futebol e passou a disputar os campeonatos amadores até 1954, quando decidiu ingressar no profissionalismo disputando a Terceira Divisão do Campeonato Paulista de 1955, com uma fraca campanha, terminando seu grupo na última colocação com apenas um empate.

O Cafelândia FC jogou ainda a Terceira Divisão de 1956 e 57, fazendo novamente campanhas fracas, levando-o a se licenciar do profissionalismo e voltar aos campeonatos amadores.

Em 1964, o time disputou o amador (foto da fanpage “Eu amo Cafelândia”) e foi campeão de seu setor:

Em 65, o bicampeonato do setor!

E levou o tricampeonato do setor em 1966:

Nesse mesmo ano, em 1966, o time retornou ao profissional, desta vez jogando a Quarta Divisão, mas só permaneceu na disputa por dois anos, licenciando-se novamente ao final de 1967, mesmo tendo feito nesse seu último ano de história a sua melhor campanha.

Aqui, uma outra linda imagem do time:

Porém, nem só de café se faz o futebol da cidade.
Em 26 de setembro de 1926, quando a vila tornou-se cidade, surgiu o Glória FC, para a glória da parte alta da cidade.

Como a parte baixa da cidade já possuía seu time de futebol (o (Cafelândia FC), e existia grande rivalidade entre as duas partes da cidade, a parte alta não podia ficar atrás no futebol e assim surgia o alvipreto de Cafelândia, o Glória FC!.

O primeiro campo do Glória F.C. ficava na área onde está a Escola Kennedy e a Praça S.C.J.

Dali, o campo do Glória foi transferido para a Vila Operária, onde hoje está a Escola Presidente Afonso Pena e próximo ao atual Estádio Municipal. Nesse campo, o Glória ), onde disputou vários amistoso com times da região como o Clube Atlético Linense.

O Glória FC foi o primeiro time do interior paulista a jogar no Estádio do Pacaembu, em 1941, contra um combinado formado pelo Corinthians e o então Palestra Itália. E com tamanha força, viu sua torcida aumentar a cada dia, mas em 1945, novamente teve que mudar de campo, indo para um terreno desmembrado da Fazenda ”Santa Isabel” (daí o nome do atual campo que mostramos lá no começo!).

A inauguração do Estádio Santa Izabel coincidiu com a disputa do Campeonato Amador do Interior e a partir de 1946. Esse é o time de 1946:

Esse é o Glória FC de 1947, campeão da 30a região do amador do estado:

Esse foi o grupo:

O time passou uma grande série de jogos sem perder para o rival local (Cafelândia F. C.), de 1945 até 1957, quando no seu próprio campo, perdeu essa invencibilidade por 3 a 2.

No amador, o Glória FC sagrou-se campeão do seu setor muitas outras vezes!

Olha aqui, o campeão do setor de 1963:

A partir de 1955, o Glória FC decidiu participar do Campeonato Paulista da Terceira Divisão, entretanto em seu primeiro ano, o time desistiu da competição e só participou em 1956, com campanha mediana, assim como 1957, porém em 1958 classificou-se para a fase final do campeonato.

Na segunda fase, o time acabou perdendo a classificação para o triangular final para o time do Nevense!

Em 1966, o time voltou para uma última participação no profissionalismo, novamente na Terceira Divisão, mas acabou se despedindo do profissionalismo com uma campanha fraca, o que não apaga sua força como equipe demonstrada até ali!

Recentemente, o patrimônio do Glória FC chegou a ficar abandonado até que um empresário assumiu a presidência na tentativa de reativar o clube.

Mas toda essa rivalidade na cidade acabou quando Cafelândia F.C. e o Glória FC perceberam que talvez poderiam se unir e criar uma nova potência para o futebol: assim, em 17 de março de 1968 surgia a Associação Cafelandense de Esportes que disputou 17 edições do Campeonato Paulista entre a 3a e a 4a divisão, até se licenciar da Federação Paulista em 1984.

Com apoio do então prefeito municipal, Jayme de Lima (ex-jogador do Glória FC), o ACE estreou no profissionalismo, em 1968, na Quarta Divisão fazendo uma campanha sem grandes resultados.

Disputou ainda a Quarta Divisão em 1977, fazendo uma boa campanha, e em 78 e 79, com campanhas ruins. Essa foi a primeira fase:

E essa a segunda fase, de onde o Cafelandense não conseguiu passar:

Mas o ACE também jogou a Terceira Divisão de 1970 a 76 e de 1980 a 84, quando abandonou o futebol profissional. O time de 1972 fez uma grande campanha se classificando para a segunda fase:

Na segunda fase acabou em 6o lugar, 3 pontos atrás do segundo colocado, o Rio Claro:

Em 1973, uma campanha linda! Na primeira fase classificou-se em segundo lugar, atrás da Penapolense:

Na segunda fase liderou o grupo desclassificando o poderoso Mogi Mirim!

E ainda saiu invicto da final, com dois empates e uma dolorosa derrota nos penaltys para o Independente de Limeira… Aliás, naquele ano não houve acesso e ambos os times permaneceram na Terceira Divisão.

Esse foi o time do vice campeonato de 1973:

Aqui, o time de 1975:

Aqui, o amigo Benê de Marília, no time da Cafelandense!

Com o fim do profissionalismo, em 84, logo se desfez a antiga fusão entre Glória FC e Cafelândia FC (em 88), mas mantendo a Associação Cafelandense de Esportes. Em 1990 foi realizada uma reunião com a finalidade de ressuscitar o Glória FC.

A Cafelandense permaneceu voltou a disputar uma competição amadora em 1990, participando do Campeonato Amador da Região de Bauru – Setor 68, tendo conquistado o título da região em 1992, 94 e 96. Esse foi o time de 1990:

Em 2016 retornou às suas atividades participando da 1ª Taça Paulista, Grupo Especial, Sub-18, organizada pela Liga de Futebol Paulista.

Que cidade, que história… Espero que em breve possamos ouvir falar novamente no futebol de Cafelândia!

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