A 225ª camisa de futebol do nosso site veio lá de Rondônia, via o amigo Marcel Guariglia que roda o Brasil mapeando projetos de sustentabilidade. O dono da camisa é o Real Madrid Paiter, time do povo Paiter Suruí. E como os europeus se apropriaram de tantas coisas dos povos originários, nada melhor do que uma doce vingança: os Pater Suruí se apropriaram do nome, da coroa, do distintivo e da camisa do poderoso Real!
Aproveitamos a oportunidade para bater um papo com Oyniin Suruí, que hoje atua na comunicação do Real Madri Paiter, assista, e se não for inscrito no nosso canal do Youtube, faça isso e deixe seu like lá no vídeo pra que ele chegue organicamente a mais pessoas.
Atualmente, cerca de 1.900 pessoas vivem em 24 aldeias dentro da Terra Indígena Sete de Setembro e além do time de futebol o povo Paiter Suruí foi o fundador da primeira agência de turismo indígena do Brasil e tem se mostrado super atuante na produção cultural, como o livro que conta sua história:
Os Paiter Suruí relatam que seus antepassados migraram das proximidades de Cuiabá para Rondônia durante o século XIX, fugindo da perseguição dos brancos. E tudo ficou em paz até a década de 60, quando os conflitos com os não indígenas retornaram.
No dia 7 de setembro de 1969, funcionários da Funai tiveram o primeiro contato oficial com o povo Suruí. E dali em diante, a história se repetiu: vieram surtos de sarampo, gripe e tuberculose, que reduziu pela metade sua população. Pra piorar, os que sobreviveram viram seu território invadido por colonos que exploraram recursos naturais, como extração ilegal de madeira e mais recentemente a busca por minérios. Nem todo Agro é Pop.
Os Suruí de Rondônia se autodenominam Paiter, que significa “gente de verdade, nós mesmos”, e falam uma língua que pertence ao grupo Tupi da família Mondé.
Hoje, eles têm usado a internet para denunciar o avanço do desmatamento, mas ainda mantêm muito das suas tradições, tanto no que diz respeito à cultura material quanto aos aspectos cosmológicos. Para conhecer mais, vale visitar o site Paiter Suruí.
Falando sobre o Real Madrid Paiter, é preciso ressasltar que ele não é um clube profissional, surgiu nas aldeias da região de Cacoal, em Rondônia. O time disputa campeonatos locais como o “Ruralzão” e torneios indígenas.
O nome segue uma tradição de batizar seus coletivos com nomes ligados a projetos de sucesso. Além do Real Madrid, existe o “Barcelona Suruí”, e os dois fazem o “clássico” no Ruralzão de Cacoal.
Alguns atletas chegaram a jogar profissionalmente o Campeonato Rondoniense pelo União Cacoalense.
Recentemente, tivemos em Santo André uma feira de cultura do Afeganistão e eu achei incrível a oportunidade de poder conhecer um pouco do povo que nasceu tão longe e atualmente, por problemas sociais, políticos e até religiosos, está vivendo no nosso país. Olha que bacana!
Nova formação do Visitantes? Não, não, só um papo intercontinental sobre música.
E olha cada coisa gostosa…
Além de experimentar várias comidinhas deliciosas e de trocar um monte de ideia sobre cultura em geral, acabei registrando um papo sobre futebol com um dos afegãos que estiveram ali, se liga:
É difícil falar sobre o futebol sem tentar minimamente entender a história do país. Devido à sua localização estratégica ligando o Oriente Médio à Ásia Central e ao subcontinente indiano, o território do atual Afeganistão foi um ponto essencial para a rota da seda e para a migração humana, sendo ocupado por diversos povos.
Seu território sempre foi muito disputado desde a antiguidade até os dias atuais. A história moderna do Afeganistão começa em 1709, com a ascensão dos Pachtuns (ou “pastós”) ao poder em 1747. Em 1776, sua capital foi transferida de Candaar para Cabul. No final do século XIX, o Afeganistão acabou servindo de divisa “neutra” entre os impérios britânico e russo, por isso essa parte mais estreita, porém longa no lado leste do país.
O Reino do Afeganistão, por vezes referido como Reino de Cabul, foi reconhecido como um estado soberano pela comunidade internacional após a assinatura do Tratado de Rawalpindi em 1919. Mas provavelmente você já viu alguma coisa referente à história do país e nem lembra, como por exemplo o livro “O livreiro de Cabul”. Ou veja aqui uma lista de 10 filmes sobre o país.
Após a segunda guerra, a guerra fria teve um desdobramento importante no país: a União Soviética passou a se relacionar mais intensamente com o Reino. Em 1973, a monarquia foi derrubada pelo grupo do general Sardar Mohammad Daoud Khan (esse da foto abaixo), primo do rei Mohammad Zahir, e a URSS torna-se forte aliada da recém formada República com a promessa de maior democracia.
Porém, aos poucos, os EUA foram se reaproximando do governo o que culminou em um novo golpe, em 1978, dessa vez dado pelo partido comunista local, fazendo a URSS voltar a ter protagonismo no Afeganistão. E para evitar futuros problemas e a sensação de incerteza política, os soviéticos decidiram ocupar o país em 1979.
Nem toda a população local curtiu esse movimento, principalmente os grupos extremistas islâmicos que criou uma resistência armada por meio de guerrilhas, como o grupo Mu Jahedin.
E adivinha quem apareceu para apoiar estes guerrilheiros com armas, treinamentos e grana? Se você disse Estados Unidos da América, acertou! Aliás, um dos que receberam essa ajuda foi um cara chamado Bin Laden…
Para os americanos, tudo valia a pena desde que barrassem o crescimento da influência soviética no mundo. E acabou dando certo, pois em 1989, a União Soviética decide tirar suas tropas do Afeganistão, mas o que se viu na sequência foi uma verdadeira guerra civil.
Cara, que povo sofrido… É tiro de todo lado! Era um caos a situação pós União Soviética, mas as coisas ainda iriam piorar: um grupo miliciano dos Mu Jahedin formado por pachtuns conseguiu chegar ao poder em 1996. Era o nascimento do talibã e com ele um novo tipo de governo, legislado pela sharia, uma lei baseada em uma interpretação “beeem particular” do islamismo, bastante antidemocrático, fortemente bélico e que representaria um regresso no tipo de vida que o povo afegão vinha levando.
Só pra exemplificar e citando matéria e foto do G1 (veja aqui), o talibã proíbe música, maquiagem e que as meninas de 10 anos ou mais vão à escola.
Porém, as coisas iriam mudar drasticamente com o ataque às torres gêmeas nos EUA em 2001 pelo grupo Al-Qaeda. Os americanos declararam guerra ao terrorismo e o líder do grupo Osama Bin Laden tornou-se seu principal alvo, como mostrou a capa do “New York Post” de 18 de setembro de 2001:
Tentando fugir dos seus perseguidores, adivinha para onde fugiu Osama Bin Laden? Para o Afeganistão. Assim, dando sequência à “Guerra ao terror”, os EUA invadem o Afeganistão e retiram o talibã do governo.
Porém, assim como aconteceu com os soviéticos, os americanos passaram anos ocupando o país e enfrentando guerrilhas e atentados realizados pelo talibã.
O custo financeiro e também das vidas perdidas, fez com que, em 2014, o então presidente Barack Obama decidisse começar a retirar suas tropas do Afeganistão. Na sequência, Donald Trump iniciou negociações diretas com o próprio talibã para negociar o futuro do país com a saída do exército americano. Somente no governo de Joe Biden, em 2021, a saída das tropas se deu na prática. Imediatamente o talibã atacou o “governo” e voltou ao poder, para o desespero da população local que tentou de todas as maneiras fugir…
O país volta a se chamar Emirado Islâmico do Afeganistão.
Para um resumo de toda essa história, recomendo o vídeo abaixo
A atual retomada do poder pelo talibã, significa voltar um cenário desolador, prejudicando diversas atividades culturais, entre elas o futebol.
Contextualizando a história do futebol, chegou a existir uma seleção nacional ainda nos anos 20 (veja foto abaixo), e a Federação Afegã foi criada em 1922, filiada na FIFA em 1948, e na Confederação Asiática de Futebol desde 1954, sendo um dos seus membros fundadores.
O primeiro clube de futebol afegão foi o Mahmoudiyeh FC, fundado em 1934. Depois surgiu o Ariana Kabul FC, em 1941. De 1946 a 1955 existiu a Liga de Cabul (Kabul Premier League), que teve um único campeão em suas 10 edições: o Ariana Kabul FC. A Liga não foi disputada de 1956 a 1968, retornando na temporada 1968/69 com dois clubes (Habbibiya e Pas Cabul) e a partir de 1978 com 16 clubes. A partir de 1984, com a intervenção soviética não houve mais disputa. Depois, sob o domínio talibã, o futebol era permitido, mas a popularidade deste esporte foi explorada para espalhar propaganda, a ponto de usarem os estádios para realizar execuções públicas na frente de milhares de espectadores nos intervalos dos jogos.
O regime também proibiu mulheres de praticarem esportes, o que levou a protestos de muitas atletas e à saída do país da ex-capitã da seleção afegã, Khalida Popal, em 2011.
Com a queda do talibã em 2001, a Federação volta a atuar com afinco. A Seleção Afegã de Futebol vence o Campeonato da Confederação Sul-Asiática de Futebol (SAFF) de 2013.
Em 2012, uma nova Liga do Afeganistão foi fundada, a Afghan Premier League (APL), também conhecida como Roshan Afghan Premier League.
Sob ocupação dos EUA, o american way of life chegou ao futebol: um reality show chamado Maidan e Sabz definiu pelo público da tv os atletas que compuseram as oito equipes, cada uma representando uma região no Afeganistão, a disputar o Campeonato Nacional a partir de então. Veja um dos capítulos:
Então, vamos conhecer os 8 times, começando pelo Shaheen Asmayee FC. “Shaheen” significa falcão, enquanto “Asmayee” refere-se às majestosas Montanhas Asmaye que dominam o horizonte da capital, Cabul.
Shaheen Asmayee representa Cabul, a capital do país, onde vivem mais de 5 milhões de habitantes. Conquistou 4 títulos da Premier League Afegã (2013, 2014, 2016 e 2017), este é o time de 2013:
Outro time é o Toofan Harirod. Toofan significa “Tufão” e Harirod é o nome do rio com mais de 1.100 quilômetros de comprimento, que flui até a fronteira iraniana, dividindo os dois países.
Toofan Harirod representa a zona ocidental do país e foram os primeiros campeões da Afghan Premier League (APL) em 2012.
Encontrei até uma foto de uma torcedora no campo:
Falemos agora do Simorgh Alborz, que representa as províncias do norte. Simorgh é o nome de uma ave mítica e Alborz é o nome da cordilheira presente na região.
O Simorgh Alborz foi vice-campeão da APL de 2012 e 2013.
Já o Oqaban Hindukosh, tem seu nome em homenagem à cordilheira Hindukosh que serve de casa para as grandes águias do Afeganistão (Oqaban).
Mawjhai Amu representa o nordeste do Afeganistão. Amu é o nome do rio que se estende desde as montanhas de Pamir até o Mar Aral, fazendo fronteira com o Tajiquistão, Uzbequistão e Turquemenistão. Mawjhai significa “onda”.
Representando a região oriental do Afeganistão, temos o time do De Abasin Sape. Abasin é o nome Pashto do rio Indus, que alimenta muitos pequenos rios no Afeganistão. Sape é uma palavra de Pashto que significa ondas.
Representando as Montanhas Spinghar, as Montanhas Brancas, na parte oriental da cordilheira Hindukosh temos o Spinghar Bazan. Bazan significa falcões, muito comuns pelo Afeganistão, especialmente nos climas montanhosos mais frios.
A 8ª e última equipe, representa as províncias de Kandahar, Nimroz, Helmand, Zabul e Orozgan: De Maiwand Atalan. Seu nome vem de uma famosa aldeia no norte de Kandahar chamada “Maiwand”, conhecida pela Batalha de Maiwand, durante a Segunda Guerra Anglo-Afegã e complementado com o “Atalan”, que significa “Campeões”.
Seria lindo acabar por aqui com você imaginando quanta pujança no Campeonato do Afeganistão, mas… A volta do talibã, em 2021 trouxe uma série de mudanças, a começar pelo nome do campeonato, que passou a ser Afghanistan Champions League.
Um fato triste é que um ex-jogador da seleção de base do Afeganistão, Zaki Anwari, que tentava fugir do país agarrado a um avião acabou morrendo…
Antigos clubes foram reativados no lugar daqueles criados durante a ocupação americana, e uma tentativa de usar o futebol como propaganda de que o talibã está menos agressivo. Será? Os times atuais são o Attack Energy:
O FC Sorkh Poshan…
O Istiqlal_FC…
E o Abu Muslim, entre outros…
Aqui, a classificação final do campeonato de 2022:
Mas se o talibã voltou, também temos viva a luta da eterna capitão do time feminino Khalida Popal! Vivendo como refugiada na Dinamarca, ela voltou a desafiar o sistema do talibã com o objetivo de resgatar meninas e mulheres atletas do próprio país.
Montou uma organização muito legal: a Girl power! (clica aí e confere) Ela escreveu um livro que eu ainda quero ler: My beautiful sisters
Eae? Você já sabia algo do Afeganistão? O post ajudou? Ou você nem chegou a ler essa última linha? O mundo é enorme!
Sábado, 15 de março de 2025. Onde será que você estará daqui 10 anos? Será que você vai olhar pra traz e ainda lembrar do que fez em 2025? Eu acredito que sim, e acho que o futebol tem esse valor na história: ser um marcador pra ajudar a gente a lembrar dessa nossa tão efêmera vida. E não só eu, esses aí atualmente vivem em Limeira mas voltaram à sua cidade para acompanhar esse momento especial para o Ramalhão!
E olha que legal que estava o clima fora do Estádio: sem problemas entre as torcidas adversárias, com vários ônibus trazendo torcedores, com as organizadas animadas… O que mais podemos esperar de um mata-mata em casa?
E jogo especial é assim… Até quem estava há muito tempo sem ir ao Estádio reapareceu e com novo integrante na família: abraços ao Matheus e seu filho Nicolas, que começa a refazer os passos que fizemos juntos há mais de 30 anos atrás…
Já dentro do Estádio, o clima era de jogo grande… Muito barulho, muita animação e muita gente se divertindo como só o futebol permite. Detalhe para a grande presença das crianças graças à algumas ações interessantes trazendo mascotes, projetos e tantas outras iniciativas que relacionam as crianças ao futebol.
Futebol é amizade, é família… Ou será que na bancada tudo isso se mistura e a gente acaba virando uma coisa só?
Só pra ter ideia da paixão desse pessoal, o nome do pequeno, no colo do Artur na foto abaixo (e com os pais, Kaverna e Stefany na foto acima) é Bruno Daniel, mesmo nome do Estádio!
A loja Ramalhão Store esteve mais uma vez presente e pudemos apurar que foram muitas camisas vendidas, reforçando a importância desta iniciativa em TODAS as partidas.
E se é dia de decisão, tá todo mundo com ainda mais disposição na bancada, se liga:
E se os times estão em campo é porque o início da festa está pra começar e as emoções se afloram ainda mais:
O próprio presidente puxa a bateria da Fúria, dá lhe Diogão!!!
Tem bandeirão subindo…
E olha que festa linda a Fúria criou na arquibancada do Bruno Daniel:
E merece uma menção importante a presença da torcida adversária, vinda de Indaiatuba e que apoiou o Primavera o tempo todo.
Além do povão de Indaiatuba, estiveram presentes a Terror Fantasma, a Chopp e a Metal Primavera.
E aí está a festa dos caras:
Voltando pra arquibancada local, aí está o pessoal da Esquadrão Andreense:
Músicas diferentes, uma pegada meio barra brava e seus tirantes… Essa é a Esquadrão:
E aí a molecada, o futuro da nossa bancada!
Em campo, o Primavera mostrou que não terminou em primeiro lugar à toa e começou pressionando, não ficando só lá atrás como normalmente fazem os times visitantes. E o Primavera foi recompensado: após um lance que terminou em uma gigante defesa de Carlão, o juiz marcou penalty para o time visitante.
Mas aí vem um narrador frio para o Penalty para o Primavera:
Festa na arquibancada local…
O Santo André volta melhor e as bandeiras são desfraldadas pela arquibancada como uma forma silenciosa de dizer “Eu acredito!!!”.
Mais bacana ainda é ver as bandeiras nas mãos de novos torcedores…
Não foi pro jogo? Perdeu… Mesmo terminando em 0x0, dá uma olhada em como estava legal assistir o Ramalhão no seu estádio:
Nossa turma que fica sempre em frente ao gol do ataque aprovou mais uma aventura ramalhística!
Antes de terminar o jogo teve tempo de ver de novo o bandeir˜ào da Fúria:
É um pessoal que não para durante os 90 minutos…
A molecada acreditou até o último minuto…
Mas o 0x0 prevaleceu, mantendo animados aqueles que nunca desistem!
Fim de jogo…
Mais uma tarde incrível para quem gosta de um futebol meio diferente do que esse que se vê na Tv ou na Internet… Coisa de verdade, gente de verdade, espaço para se fazer novas amizades…
Ou simplesmente pra curtir 90 minutos de emoção e ao fim disso tudo sentar e relaxar como o Victor…
Que diga o nosso goleiro Carlão, o herói da tarde…
Rodando por estas estradas, no caminho para Presidente Prudente, tivemos a oportunidade de visitar mais uma cidade que tem no futebol parte de sua cultura,
Falamos da cidade de Maracaí!
Maracaí esta localizada na chamada “região da Sorocabana”, distante mais de 470 km da capital do estado. Sua fundação se deu no início do século XX, com Joaquim Gonçalves de Oliveira e Melchior de Camargo estabelecidos na região desde 1903. Segundo o site da Prefeitura, Maracaí era o nome pelo qual o povo carijó chamavam o trecho em que o rio Capivara conflui com o do Cervo. Interessante porque pensava que esta região era habitada pelo povo kaingang…
Fomos até Maracaí para conhecer o Estádio Municipal José Maria de Souza, e relembrar um pouco da história do futebol na cidade, principalmente graças a dois times que disputaram o Campeonato do Interior de São Paulo, provavelmente neste campo.
Aparentemente, houve uma reforma no pórtico de entrada dando uma nova cara ao Estádio.
Dê uma primeira olhada no Estádio e veja como está bem cuidado para quem sabe pelo menos ter um time no Campeonato Amador do Estado:
Fico me perguntando se a singela arquibancada coberta ainda tem vivido dias de glória como outrora…
Veja uma imagem antiga desta mesma arquibancada, datada provavelmente dos anos 70, retirada da fanpage Memórias de Maracaí:
Além da arquibancada coberta, também existem dois lances de arquibancadas descobertas no outro lado:
Pelo que conversamos, Maracaí segue com grande tradição no futebol amador e esse gol segue sendo o objetivo de muitos times da cidade e da região…
O tradicional registro do meio campo:
O gol do lado direito (para quem olha da arquibancada descoberta):
E o gol do lado esquerdo:
Mais um estádio bacana e com potencial para vôos mais altos no futebol…
Antes de ir embora, registramos a homenagem a Marcos Antonio de Lima, o “Índio”, um dos meu ídolos no Santo André no fim dos anos 90 e que é nascido na cidade de Maracaí e ganhou notoriedade ao ser campeão mundial pelo Internacional de Porto Alegre, como recorda a placa:
Se você não lembra dele, aí está uma recordação:
Os dois times que fizeram a cidade se oficializar na história das competições oficiais da Federação Paulista foram o Maracaí FC, primeiro time da cidade a disputar o Campeonato do Interior em 1942. A fanpage Memórias de Maracaí traz algumas fotos do Maracaí FC:
O outro time é a Associação Atlética Maracaiense, que disputou as edições de 1950…
A de 1958, jogando o setor 33…
E ainda foi vice campeã do seu setor em 1964, com o time abaixo:
1º de março de 2025. Sábado de carnaval e mais um mês que nasce, cheio de oportunidades! Assim, lá fomos nós para a estrada!
Aproveitamos o feriado e rumamos para Presidente Prudente para acompanhar a penúltima rodada da primeira fase da série A2 de 2025.
Claro que além do jogo em si, aproveitamos para conhecer um pouco mais da cidade.
Quem anda pelas ruas de Presidente Prudente frequentemente cruza com casas de madeira, cheias de estilo como esta, que são um legado da Ferrovia.
Na época, os ferroviários construiam estas casas no sistema de mutirão. É muito legal lembrar que houve um tempo em que as pessoas se ajudavam tanto…
A ferrovia é a principal responsável pelo desenvolvimento de Presidente Prudente. A cidade atual passou a ser ocupada em 1917 e os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana chegaram em 1919. Esta é a estação, atualmente ocupada por um museu (que parecia meio abandonado…).
Ali em frente `à estação, a cidade ainda guarda o “Bebedouro de animais” como patrimônio histórico e lembranças de um tempo que não volta mais…
O avanço da ferrovia para o interior do estado forçou o contato com os últimos habitantes originais da região, principalmente os povosKaingang, que estavam tentando se manter isolados. Esse contato, iniciado no final do século XVIII e ampliado no século XIX, se transformou em aliança ajudando a extinguir os últimos grupos de resistência…
Infelizmente, o resultado desse encontro foi o fim dos Kaingangs… Novos povos surgiram na cidade, principalmente os imigrantes japoneses, que trouxeram consigo um pedacinho da sua cultura: um templo budista!
E se for comemorar, que seja um brinde com os refrigerantes Funada!
Hoje, a cidade está enorme, veja quantos arranha-céus:
E uma cidade assim tão grande também tem uma grandiosa história no futebol, seja pelos diversos times que já defenderam Presidente Prudente, seja pelo seu gigantesco Estádio Paulo Constantino, não a toa, o “Prudent˜ão“:
Em 2013, estivemos por lá visitando os demais estádios e falando sobre os times da cidade (veja aqui como foi), mas na ocasião, não conseguimos adentrar ao Prudentão…
O Grêmio Prudente vem numa crescente dentro do futebol e ainda tem chances de conquistar o acesso à série A1 do Campeonato Paulista, por isso, a rapaziada da Fúria Prudentina estava animada!
O Estádio está bem cuidado e cheio de detalhes que reforçam sua história, com grande destaque para os grafites na entrada principal.
Sente o clima da entrada do estádio, pelo portão local:
Aproveitamos pra ouvir alguns torcedores locais:
Ingresso (digital) em mãos, ou melhor, no celular…. vamos ao jogo!
A rapaziada da Fúria enfrentou os mais de 600km para apoiar o Ramalhão!
Finalmente, vamos conhecer a parte interna do estádio, chegando pela entrada de visitantes:
Dentro do estádio, mais um grafite, desta vez recordando Ronaldo Fenômeno pelo seu primeiro gol com a camisa do Corinthians, aos 47’do segundo tempo no clássico contra o Palmeiras de 2009 e cuja celebração derrubou o alambrado do campo, frente 44.479 torcedores.
E como tudo é grande no Prudentão, a distância do vestiário pro campo também não é moleza kkkk…
Não queria dedurar, mas o Kleina foi o último a chegar ao banco kkkk Grande abraço ao nosso treinador!
Depois de muita caminhada, finalmente os times em campo!
Olha que bonito o Estádio e como são grandes as arquibancadas em torno de quase todo o campo.
E a torcida do Santo André se fez presente!
Abraço para o professor André, de Pirapozinho, apaixonado pelo Ramalhão, mesmo há 600 km de Santo André e ainda contaminou a esposa com esse amor!
15 anos atrás, Santo André e Grêmio Prudente se enfrentaram pela semifinal do Paulistão 2010, e o Ovídio deu essa bandeira a ele. E lá estão todos reunidos no mesmo lugar novamente!
No lado local, boa presença de público!
Por sorte, o estádio oferece uma boa parte coberta para a torcida local.
Aos visitantes que preferiram assistir na arquibancada, o sol foi o principal companheiro!
Considero que o Estádio é tão grande que acaba sendo até prejudicial para a torcida local, já que é muito difícil pensar em uma partida do Grêmio Prudente com 40 mil torcedores lotando seu estádio…
Mesmo com uma média de público interessante para uma série A2, a sensação (na verdade, a realidade) é que sempre tem muito mais lugar vago do que ocupado no estádio.
Só tenho a agradecer a oportunidade de finalmente acompanhar uma partida no Estádio Paulo Constantino!
O Estádio foi inaugurado em 12 de outubro de 1982, com a partida Santos 1×0 Corinthians de Presidente Prudente, com 20.240 torcedores ocupando suas lindas bancadas! Em 2002, alterou-se o nome do estádio para “Eduardo José Farah”.
Atualmente, o Estádio comporta 45.954 torcedores, sendo assim, o segundo maior estádio do país, fora das capitais.
Em 2010, o Grêmio Recreativo Barueri mudou sua sede para Presidente Prudente, reacendendo a paixão da cidade pelo futebol, entretanto, em 2011 o clube retornou para Barueri. Em 2012, graças a iniciativa de um grupo de empresários, jogadores aposentados famosos e a prefeitura, surge o Grêmio Esportivo Prudente, que herdou os direitos federativos do extinto Oeste Paulista para a disputa das competições da FPF. Em 2013, o Estádio volta a se chamar Paulo Constantino.
Em campo, o jogo teve bons momentos para os dois times. Embora o 0x0 tenha sido o resultado final, ambos tiveram chance de sair com a vitória, parando ou na defesa adversária ou na falha do ataque.
Os dois times acabaram meio que nas mesmas condições, deixando ambas as torcidas um tanto preocupadas… Menos a criançada que assistiu o jogo no alambrado e ainda bateu uma bola ali no intervalo.
O jogo foi chegando ao final e a torcida local aumentou o apoio! E enquanto isso, faço devaneios sobre o Estádio…
Destaque para as faixas da Fúria Prudentina ao redor do campo:
E o segundo tempo rolando, mas nem a falta de gols diminuía o ímpeto da torcida local!
Com o apoio o Grêmio vinha para o ataque…
E abria espaço para o contra ataque dos visitantes!
Mas o 0x0 acabou atrapalhando a festa da torcida local, que esperava uma vitória para sedimentar sua classificação para a 2ª fase da série A2.
Pra mim, é mais uma memória, outra lembrança criada e registrada de um rolê que marca presença em um lindo estádio.
Uma oportunidade de conhecer novas pessoas e novas culturas, não apenas, mas principalmente, nas bancadas do estádio local.
É fim de jogo e o 0x0 deixa ambos os times prontos para lutar pela classificação na última partida! Eu acredito no Ramalhão!
Grande abraço aos que estiveram na nossa arquibancada! E também aos prudentinos!
Feriado de 15 de novembro de 2024. Além de visitarmos a cidade e o Estádio de Campo Limpo Paulista, também fomos conhecer Várzea Paulista, uma cidade jovem, nascida no século XIX graças à Ferrovia Santos Jundiaí. A estação local foi inaugurada em 1891 e como a estrada passava por uma várzea campesina, surgiu o nome do povoado…
Mas, muito antes, estas terras eram ocupadas possivelmente pelo povo Tupi Guarani e seus parentes (Tupiniquim, M’byá entre outros). Foi a chegada dos portugueses que mudou drasticamente esta realidade.
A ocupação começou com pequenas olarias, cerâmicas, destilarias até chegarmos no café, que impulsionou o desenvolvimento da região, infelizmente bastante baseado no uso de mão de obra escravizada. (A foto abaixo apenas ilustra o triste fato, com uma plantaçào de café do Rio de Janeiro)
Em 21 de março de 1965, mobilizações populares fizeram com que o distrito fosse elevado a município de Várzea Paulista, onde vivem atualmente, quase 110 mil pessoas.
No momento de desenvolvimento industrial da cidade, em 1952 foi fundada a Promeca S/A, Progresso Mecânico do Brasil, que produzia tornos mecânicos de alta qualidade, como mostra a Matéria do Correio Paulistano daquele ano:
Uma imagem de um torno da Promeca:
E é dos funcionários da empresa que nasceu o bairro da Promeca, com o primeiro conjunto habitacional de Várzea e um time de futebol: a Associação Esportiva Promeca!
A AE Promeca foi fundada em 21 de abril de 1955, quando Várzea Paulista ainda era um distrito de Jundiaí, por isso, a dúvida sobre a cidade de origem do time. Pra piorar, o time mandou seus jogos mais importantes no Campo do Nacional de Jundiaí, um pouco distante da Vila Promeca, em Várzea Paulista.
Aqui, um registro de um amistoso de 1957, contra o CA Legionário de Bragança Paulista:
Ainda naquele ano, a AE Promeca sagrou-se campeã da Taça Cidade de Jundiaí.
Em 1958, disputou o Campeonato do Interior sempre mandando seus jogos no Estádio do Nacional:
Dá até pra conhecer a escalação da AE Promeca daquele ano:
Encontrei uma nota sobre um amistoso contra um time misto do Santos, em 1961:
Em 1962, fez sua estreia no profissionalismo disputando o Campeonato da 3ª Divisão (o 4º nível do futebol Paulista) e classificou-se como líder na 1ª série.
Na fase final, a AE Promeca surpreendeu e terminou como vice campeão paulista da 3ª divisão de 1962!
Dessa forma, a AE Promeca consegue o acesso para a 2ª Divisão de 1963 (que equivalia ao terceiro nível do futebol paulista). Abaixo a campanha desta equipe na competição: 8/9- Estrela de Piquete 1×1 Promeca 15/9– Promeca 3×2 Cerâmica São Caetano 22/9- Promeca 2×1 Hepacaré (Lorena) 29/9- Volkswagen (São Bernardo do Campo) 0x1 Promeca 05/10- Promeca 3×2 Ituano 13/10- Nitroquímica (São Miguel Paulista) 0x1 Promeca 20/10- Promeca 4×0 Corinthians (Votorantim) 03/11- Cerâmica (São Caetano) 2×1 Promeca 10/11- Promeca 4×3 Estrela (Piquete) 17/11- Corinthians (Votorantim) 1×1 Promeca 24/11- Ituano 0x1 Promeca 01/12- Promeca 2×1 Volkswagen (São Bernardo do Campo) 08/12- Hepacaré 2×1 Promeca 15/12- Promeca 3×0 Nitroquímica (São Miguel Paulista)
Na segunda fase, acabou eliminado, mas fez uma campanha bacana!
19/1- Promeca 1×0 Cerâmica (Mogi Guaçu) 26/1- Hepacaré (Lorena) 1×1 Promeca 02/2- Cerâmica São Caetano 1×0 Promeca 16/2- Promeca 1×1 Palmeiras (São João da Boa Vista) 23/2- Internacional (Limeira) 2×0 Promeca 01/3- Promeca 1×0 Cerâmica São Caetano 08/3- Palmeiras (São João da Boa Vista) 8×2 Promeca 15/3- Promeca 2×1 Internacional (Limeira) 22/3- Cerâmica (Mogi Guaçu) 4×2 Promeca 29/3- Promeca 2×2 Hepacaré (Lorena)
Infelizmente em 1964, o time se licenciou e passou a disputar apenas as competições amadoras. Aqui, o time de 1966:
Outros times sem a identificação da época:
O time acabou se licenciando do profissionalismo e acabou sumindo até mesmo das disputas amadoras. Para tentar sentir um pouco do que foi a sua trajetória fomos até a vizinha Jundiaí para registrar o Estádio onde a AE Promeca mandava seus jogos.
O campo do Nacional, que fica ali bem em frente à estação de trem!
A estação é a última parada do trem Jundiaí-Rio Grande da Serra e é bem movimentada!
Bacana terem preservado um pouco do passado bem ali em frente à estação!
Do outro lado da avenida e alguns quarteirões à frente fica a sede e o Estádio do Nacional Atlético Clube, funcionando quase como a sede do time da capital.
Sendo assim, o campo do Nacional acabou utilizado por outros times em disputas oficiais, como fez a AE Promeca!
Olha aí os bancos de reservas embaixo dos coqueiros que seguem a linha lateral do campo.
Ao fundo, a cidade que não para de crescer. Aqui, o meio campo:
Aqui, o gol do lado esquerdo:
E o gol do lado direito:
O sol quente nem fazia lembrar da chuva que caiu horas atrás…
E aí estamos em mais uma aventura futebolística!
Atualmente, só existem arquibancadas atrás do gol, onde está a estrutura do clube.
A parte interna do clube é bem bonita, uma pena que aparentemente o clube não tenha mais tanto glamour como no passado…
Fiquei em dúvida se essa informação presente em uma das paredes refere-se ao estádio ou ao clube…
E tudo isso, em território Jundiaiense…
Só nos restou curtir um pouco da cidade antes de ir embora, almoçando no Mercadão dos Ferroviários…
Olha as placas que eles mantiveram por lá:
E depois ainda fomos até o Museu Ferroviário da cidade:
Olha quye placa bacana sobre a CIA PAulista de Vias Férreas:
Uma pena que estas locomotivas estão aí se degradando a céu aberto…
As construções pelo menos estão super bem mantidas!
Dentro do Museu, até uma camisa do Paulista está presente!
Ao lado dela uma foto do estádio antigo do Paulista, na Av Prof Luis Rosa:
Existe uma relação bastante complicada entre indígenas e a ferrovia…
E essa placa do século XIX??
Estou pensando em comprar essa locomotiva pra ir até os estádios, que tal?
Essa abaixo é uma miniatura, que, segundo a moça que trabalha no museu, tem planos para transportar crianças pela área externa…
Em 2023, tivemos a oportunidade de passar por Sorocaba e aproveitamos para dar um pulo na cidade vizinha, Votorantim.
Votorantim é uma cidade especial para minha família porque meu avô teve um pequeno sítio ali, até o fim da sua vida, e por isso criamos laços emocionais e de memória com a cidade. Não a toa fizemos questão de conhecer e acompanhar o VotoratyFC, fundado em 12 de maio de 2005.
E olha quem era o treinador do Votoraty naquele ano: Fernando Diniz!
Só pra lembrar… Votorantim teve uma ocupação indígena, como todo o território brasileiro, recebendo a chegada dos primeiros portugueses em meados do século XVII, recriando o choque que houve no litoral brasileiro.
Pascoal Moreira Cabral, um parente do fundador de Sorocaba Baltazar Fernandes, decidiu produzir açúcar, dando origem a um vilarejo, próximo de uma cachoeira chamada Votorantim que acabou dando nome ao local. Já no final do século XIX, as primeiras indústrias chegam à cidade, e com elas a imigração.
E foi assim que o futebol chegou à cidade. Em 1º de janeiro de 1900, os operários ingleses da Fábrica de Tecidos Votorantim, entre eles William Snapp, fundador do SPAC – São Paulo Athletic Clubcriam o Votorantim Athletic Club, tornando-se o time oficial da fábrica.
Enquanto isso, os italianos oficializam, na mesma data, o Sport Club Savoia, que por muitos é considerado o primeiro clube de futebol do Brasil.
Com o crescimento da colônia italiana na região, a torcida do Sport Club Savoia também aumenta. Já o time inglês perde torcida (os ingleses voltaram pra capital com medo do surto de febre amarela na região) e o Votorantim Athletic Club decide se unir ao Sport Club Savoia.
Em 1910, o Sport Club Savoia é convidado a disputar um torneio seletivo para a elite do Campeonato Paulista com o Vila Buarque Futebol Clube e o Clube Atlético Ypiranga, mas o Ypiranga vence e fica com a vaga.
Em 1915, o recém-fundado Palestra Itália da capital faz sua estreia no futebol contra o SC Savoia, no Campo dos Castelões, em Votorantim.
Em 28 de setembro de 1924 o SC Savoia inaugura o “Estádio Municipal Domenico Paolo Metidieri” com dois jogos: na preliminar, o 2º quadro do Savoia fez 4×1 no Germânia e na sequência, o primeiro quadro empatou por 4 a 4 com o Athletico Paulistano (com Arthur Friedenreich no elenco).
Em 1930, a equipe passa a ser conhecida como “Esquadrão de Ferro” por conquistar vários títulos, incluindo a 23ª Região do Campeonato Amador do Interior. Por conta da guerra contra os países do eixo nazista, em 1942 o Sport Club Savoia é obrigado a mudar de nome adotando Clube Atlético Votorantim.
Esse foi o time de 1946, campeão da 23ª Região do Campeonato do Interior:
Em 1947 a equipex conquista o título da Liga Sorocabana de Futebol e de 1948 a 1952 disputa a Segunda Divisão do Campeonato Paulista de Futebol.
Em 1952, as Indústrias Votorantim retiram o apoio ao clube, e o departamento de futebol profissional é desativado.
Aqui, o time de 1966:
Mais recentemente, surgiu o Atlético Votorantinense, usando de brasão a cruz de Savóia, para resgatar esta história.
Já a gente, preferiu reviver essa história visitando o Estádio Municipal Domenico Paolo Metidieri!
Uma arquibancada com mais de um século de história… É mesmo motivo de orgulho para a cidade!
Mas fizemos um role por todo o campo, olha os bancos de reservas…
Aqui, o meio campo:
O gol da esquerda com o terminal de ônibus atrás:
E o gol da direita:
Fazia um tempo que não vinha no Estádio Municipal Domenico Paolo Metidieri, foi bem legal poder reencontrar o lugar!
O site passou as últimas semanas dando atenção apenas ao lado rubro verde da cidade de Rio Claro, mas você há de concordar que foi por uma justa razão… Para equilibrar as coisas, hoje vamos falar do lado azul da cidade, mostrando o Estádio Municipal Dr. Augusto Schmidt Filho, a casa do Rio Claro.
O Estádio Augusto Schmidt, o “Schmidtão” foi inaugurado em 28 de janeiro de 1973 em um Rio Claro 1 x 2 Corinthians.
Estivemos acompanhando uma partida decisiva nele em 2016, pela série A2 do Campeonato Paulista entre o Rio Claro e o Santo André.
A partida era válida pelas quartas de final, e após ter perdido em casa por 1×0, o Santo André foi até Rio Claro em uma noite chuvosa, em busca de um milagre…
Choveu tanto aquela noite que a própria torcida local acabou prejudicada e presente em baixo número.
Após abrir 2×0 e ter a certeza do milagre realizado o Santo André aguardava o fim do jogo quando, batendo uma falta na entrada da área, o Rio Claro marcou o seu gol levando a partida para a decisão por penaltys, onde finalmente o time visitante conseguiu carimbar a vaga para a semifinal, para a festa da sua torcida.
Confesso não lembrar se depois deste dia voltei ao Estádio, mas fato é que em 2023, acabamos dormindo uma noite em Rio Claro e aproveitei para rever o Augusto Schmidt!
O Estádio foi inaugurado com o nome de Dr. Álvaro Perin, e teve o Corinthians, o São Paulo, e o Velo Clube, como primeiros adversários. (28 de janeiro de 1973: Rio Claro 1-2 Corinthians, 4 de fevereiro de 1973:Rio Claro 0-1 São Paulo e em 11 de fevereiro de 1973 – Rio Claro 1-0 Velo Clube)
E realmente o Estádio não só é espaçoso, como está muito bem conservado e bonito, todo pintado em azul e branco!
Pra quem acha que o futebol do interior não é cheio de emoções, vale lembrar que nos últimos 20 anos este estádio viu o Rio Claro ser vice-campeão da Série B2 do Campeonato Paulista em 2001.
No ano seguinte, foi campeão da Série B1 conquistando o acesso à Série A3.
Em 2005, viu o acesso para a Série A2 e o vicecampeonato da Copa Paulista.
Em 2006, chega o inédito acesso para a Série A1. E daí pra frente foi aquele sobe e desce que se encerrou em 2016, quando foi rebaixado para a série A2 onde permanece até hoje.
O Rio Claro sofreu em 2024 um duro golpe: viu o seu rival voltar à série A1. Assim, em 2025, é missão da torcida e da diretoria levar o time até a primeira divisão para quem sabe fazer o derbi na série A1!
Dando sequência aos Estádios visitados durante nosso rolê por Sergipe, agora vamos fazer 3 posts falando dos principais estádios da capital, Aracaju!
Vale reforçar que a cidade de Aracaju é um incrível passeio, uma das opções mais baratas do Nordeste e que possui uma orla bem diferente do que estamos acostumados. Graças ao cuidado especial com a proteção ambiental, a avenida beira mar é beeem longe da areia.
Além do mar, a cidade é cortada pelo rio Sergipe, o que dá uma dinâmica diferente já que o rio é grande, e praticamente corta a cidade formando o chamado bairro da Coroa do Meio, que por pouco não é uma ilha.
Aqui é o local do encontro do rio com o mar.
As praias mais bacanas ficam no litoral sul, e uma delas, a praia do Náufrago, guarda um fato curioso: um cemitério onde estão enterradas as pessoas que naufragaram após seus navios serem bombardeados por navios alemães nazistas.
O nome Aracaju pode ser compreendido como “cajueiro dos papagaios”, imagina o que era esse lugar antes da chegada dos europeus… Por aqui, viviam uma grande diversidade de povos: Tupinambás, Caetés, Xocós, Kiriri, Fulkaxó, Boimé, Karapotó, Kaxagó, Aramuru… Pedi uma ajuda pra Inteligência artificial criar uma imagem do que seria uma pessoa daquela época…
O desaparecimento destes povos se iniciou no início do século XVI (com a morte de importantes líderes locais como os caciques Serigy e Pacatuba que chegaram a se unir com os franceses para combater o invasor português) e se firmou no século XIX, devido à política indianista do Império do Brasil que publicou a Lei das Terras em 1850, declarando as Terras como de Domínio Público. Pra piorar, acabaram vítimas de um perverso apagamento histórico, como se a história de Sergipe se iniciasse com os povos brancos…
Aracaju nasce em 1855, por pressão dos produtores de açúcar que precisavam de um porto para escoar melhor seus produtos. Em 1914 chega a estrada de ferro, vinda de Salvador. (foto do site Capital do Agreste):
Aracaju foi uma das primeiras capitais planejadas já que teve que ser construída em uma área cheia de pântanos e charcos, que nasce na praça Fausto Cardoso e a partir daí tem as ruas construídas geometricamente, como um tabuleiro de xadrez, desembocando no Rio Sergipe.
Só nos anos 80 a cidade despertou para o potencial turístico, com novos hotéis e com a construção da Orla da praia de Atalaia, o principal cartão-postal da cidade. Mas antes disso, desde 1º de maio de 1936, já existia um motivo de orgulho para a cidade: a Associação Desportiva Confiança (já escrevemos sobre o time, veja aqui como foi).
Nosso rolê dessa vez nos permitiu ir até a casa do ADConfiança: o Estádio Proletário Sabino Ribeiro, nome que homenageia um dos fundadores do clube.
Olha que linda a imagem aérea disponível no site do time.
O Estádio Proletário Sabino Ribeiro fica no Bairro Industrial e tem capacidade para 5 mil torcedores. A foto abaixo é do site Info Net, uma vez que não tivemos permissão para fotografar a parte interna do estádio.
O Sabino já foi palco de vários jogos importantes na história do Dragão, desde 1955. Atualmente, o estádio virou Centro de Treinamento.
Confesso que já é desanimador quando não conseguimos entrar no Estádio, mas quando além disso os seguranças tratam a gente mal… É de perder qualquer boa vontade com o rolê…
Enfim… que os dirigentes possam entender que não há nenhum mistério na parte interna do estádio capaz de impedir uma visita…
A 205ª (lê-se ducentésima quinta) camisa de futebol do site vem do continente africano, a terra mãe de toda a humanidade e que foi tão explorada pelos europeus e por todo o mundo até atualmente.
Dentro de um continente tão rico cultural e socialmente, essa camisa representa as cores da seleção da Zâmbia. Foi um presente do amigo Rino.
Este é o brasão do país, adotado em 1964 quando a República da Zâmbia alcançou a sua independência. a águia representa a liberdade e a esperança no futuro da nação:
A região da atual Zâmbia já era habitada em 200 mil anos a.C., você pode imaginar o que é isso? Ali foi encontrado o fóssil do Homo rhodesiensis.
Os habitantes eram aparentados com os atuais povos caçadores e coletores de línguas khoisan que habitam o sul da África. A partir do século IV, a região foi invadida pelos povos bantos, que expulsaram os habitantes. No século XIX, os povos se concentravam em cinco reinos banto: os kazembe-lundas no norte; os bembas no nordeste; os chewas no leste; os lozis no oeste e os tongas no sul. Em 1851, o missionário escocês David Livingstone (lembra da música do Capital Inicial?) explorou a região tentando impor a fé cristã, e acabou encontrando as maiores quedas d’água do mundo, no rio Zambeze, a Mosi-oa-tunya (“fumo que troveja”) e as batizou (em mais uma mostra do eurocentrismo) como cataratas Vitória, em homenagem à rainha da Inglaterra.
Em 1886, Portugal reivindicou o controle da região, mas a Inglaterra também tinha interesse nas riquezas locais e incentivou a criação, em 1889, da Companhia Britânica da África do Sul, entidade privada que tinha como meta a exploração comercial da África austral. Era a invasão “oficial e legalizada” do continente Surgem leis discriminatórias favorecendo a minoria de origem europeia. Em 1890, diante de um ultimato inglês, Portugal renunciou à posse do território em disputa. O território, inicialmente chamado Zambézia, passou a ser conhecido como Rodésia, em homenagem a um dos criadores da Companhia Britânica da África do Sul, Cecil Rhodes. A companhia administrou o território até 1924, ano em que a sua porção norte, conhecida como Rodésia do Norte, foi transformada em protetorado britânico. Esta é uma imagem do povo rodesiano do norte:
Em 1953, as Rodésias do Norte e do Sul se uniram a Niassalândia e formaram a Federação da Rodésia e Niassalândia, ainda sob invasão britânica. A federação foi dissolvida em 1963, e no ano seguinte, a Rodésia do Norte tornou-se independente da Inglaterra e mudou seu nome para Zâmbia.
Nos anos 70 a banda Witch fez a cabeça da geração psicodélica não só da Zambia, mas de diversos países:
Bacana ver que o país e seu povo tem seguido seu caminho no desenvolvimento e é lindo ver que artistas como Aubrey Chali tem desenvolvido um olhar especial sobre o país:
A Seleção Zambiana de Futebol representa a Zâmbia nas competições de futebol da FIFA, sendo filiada à FIFA, CAF e à COSAFA. A seleção era conhecida como Chipolopolo (“Balas de Cobre”, no idioma bemba) por seu estilo veloz de jogo e pelo cobre ser tão importante para a economia do país. Em 1988, nas Olimpíadas de Seul, a Zâmbia fez história ao vencer a Itália por 4×0.
Em 27 de abril de 1993, um avião da Força Aérea zambiana que levava a seleção de Zâmbia para uma partida das Eliminatórias de 1994, teve um problema com um dos motores e caiu no Gabão, e dezoito jogadores, três dirigentes da Associação de Futebol da Zâmbia (FAZ) e cinco militares acabaram morrendo.
Mas os deuses do futebol são mesmo impossíveis e em 2012, jogando no mesmo Gabão onde todos morreram, Zâmbia entra para a história derrotando nos pênaltis a Costa do Marfim e conquistando pela primeira vez a Copa Africana de Nações.
E agora, em 2023, a seleção da Zâmbia também marcou presença na Copa do mundo feminina: